Quando nos inscrevemos numa corrida, é natural termos uma meta quanto ao tempo a fazer. Mas é necessário não fazer disso um objetivo rígido, por mais que a aspiração em questão tenha por base factos concretos. Ou seja, mesmo que treinos recentes ou até a participação numa prova recente apresentem resultados que levem a imaginarmos que vamos conseguir determinada marca na competição, é importante não considerarmos esse número como algo atingível. Poderá ser mais, poderá ser menos. Deixe o seu corpo dizer a “verdade” no dia!
Não é inteligente entrar-se numa prova com determinada marca na cabeça, definida pelo próprio corredor, pelo treinador ou por uma revista. O resultado em questão até pode ser uma referência, mas se durante a competição, o corredor constatar estar “no dia bom”, então é ir em frente e talvez até conseguir o recorde pessoal na distância. Por outro lado, ao sentir que por alguma razão, não está rendendo como o previsto, o melhor a fazer é seguir em frente e deixar para outro dia a obtenção de uma grande marca. Por mais que a pessoa tenha garra, não é possível ir contra o próprio corpo, exigir dele o que ele não está em condições de dar naquele dia.
As razões para bons e maus dias vão desde as características da própria competição (boa ou não organização – especialmente abastecimentos, percurso com ou sem subidas e descidas, temperatura no dia, muita gente, dificultando ultrapassagens, etc) até às condições físicas do corredor: estar ou não bem descansado no dia, ter treinado adequadamente, não estar passando por problemas médicos, que por vezes ainda não se constatou, etc.
Dessa maneira, a postura rígida em relação a um resultado que se deseja fazer, tanto pode inibir a obtenção de uma boa marca como forçar um corredor a fazer mais do que está em condições naquele momento. E isto é muito comum nas nossas provas, com corredores a dizer “estou bem, mas no limite do meu ritmo e vou segurar…” ou “estou correndo acima do tempo previsto e tenho que me esforçar”. A primeira situação é a mais corriqueira, sendo que por vezes o limitador é o monitor de frequência cardíaca, excelente ferramenta em treinos, mas que numa prova, pode atrapalhar mais do que ajudar, ao estabelecer-se um bpm (batimentos por minuto) máximo, aquém do que a pessoa poderia correr.
Assim, da próxima vez que entrar numa prova, deixe o seu corpo dizer-lhe como está naquele dia. Se começar a correr mais rápido do que esperava, e se estiver sentindo-se muito bem, vá firme para um grande resultado. Mas se o andamento desejado demorar a chegar, então desligue o cronómetro e siga para a meta numa boa.