Já se passou um ano desde que as corridas foram suspensas devido à pandemia. Neste espaço de tempo, teremos tido apenas algumas dezenas de provas devidamente autorizadas e respeitando as novas regras sanitárias.
Como têm passado os atletas estes longos meses? Têm treinado? Muito, pouco ou nada? Foram a alguma prova? Aderiram às provas virtuais?
A Revista Atletismo decidiu fazer um pequeno inquérito aos atletas populares que costumam participar nas provas de estrada e/ou montanha. Publicamos hoje o depoimento de João Silva.
João Silva
1- Idade: 32 anos
2 – Corre há quantos anos: 4,5 anos
3- Clube: ARCD Venda da Luísa (distrito de Coimbra)
4 – Como tem procedido desde que foi decretado o estado de emergência?
Na verdade, tirando o primeiro confinamento, porque a minha esposa estava grávida, continuei a treinar na rua, num raio relativamente próximo da minha residência, de madrugada, e sempre sozinho, como já acontece desde 2016. Por uma questão familiar, era o que já fazia antes e não alterei.
Mesmo em 2020, no início de tudo isto, nunca parei de treinar e foi sempre com a mesma frequência. Por uma questão de cuidado (tinha a esposa grávida), treinei sempre em casa, desde a segunda quinzena de março à segunda quinzena de maio (em 2020). Nesta fase, fazia estática e treino de cardio dentro de casa. Todos os dias.
Com o tempo, comecei a “desconfinar” e a empurrar os meus horários de treino de corrida para as 05 horas da manhã. Era uma forma de estar longe do contacto com pessoas e também foi uma necessidade da organização familiar, agora com três pessoas. Adotei uma espécie de conceito de higiene e levava máscara na mochila (caso encontrasse algum aglomerado) e desinfetante. Os hábitos ficaram sempre. Mal entro em casa, ainda hoje as sapatilhas ficam à porta, a roupa sai logo, as mãos e a cara são logo esfregadas, o desinfetante é obrigatório quando entro no prédio e procuro estar sempre longe de concentrações de pessoas. Treino sempre sozinho desde 2016, houve apenas uns 7 treinos desde então, em que estive acompanhado. Além disso, não há muita gente a querer correr às 05h00 (ou às 04h30, como já aconteceu. A 30 de novembro de 2020, corri pela primeira vez com uma pessoa em tempos de COVID. Cada um numa berma da estrada.
5 – Tem participado nas Corridas Virtuais?
Fiz duas até ao momento: a maratona do Porto e a corrida do Dia do Pai. Por agora, não tenho mais nenhuma prevista, mas talvez faça. Tenho alguns objetivos pessoais associados a grandes distâncias e que espero concretizar num futuro muito próximo. Quanto às provas virtuais, no início era contra, sobretudo, pela subjetividade dos percursos. No entanto, a estagnação de tudo isto, fez-me mudar de opinião. Será uma via nos próximos tempos.
6 – Está disponível para regressar às provas antes de tomar a vacina, desde que elas respeitem as novas regras sanitárias?
Sem vacina, mesmo com regras apertadas, não me vejo a correr em provas por agora. Gostava imenso de voltar, sinto saudades, sobretudo, de meias maratonas e de maratonas, mas tenho medo. Não me quero contagiar nem os que vivem comigo. Sempre foi uma regra de ouro cá em casa. Não serve de consolo nem de provocação, mas consigo ter motivação para correr um ano todo sem provas (já não corro numa prova presencial desde novembro de 2019 e nunca deixei de correr ou treinar). Tenho o objetivo de fazer mais maratonas oficiais, mas vai ter de esperar. Vou fazendo a distância em treino.
As regras devem e podem ser cumpridas pelas organizações nas provas. No entanto, o risco maior vem do convívio e da falta de civismo de algumas pessoas e isso é que me preocupa.