Os Nacionais de 10000 m e marcha proporcionaram uma série de curiosidades, que permitem várias conclusões. Aqui as apresentamos:
– A marca com que Samuel Barata se sagrou campeão de Portugal (28.03,94) foi a melhor dos campeonatos desde José Ramos em 1996 (27.58,89 – última vez abaixo de 28 m) e 2000 (28.03,52). Mérito do atleta, acima de tudo, e de uma prova muito bem preparada, com duas “lebres”, do seu companheiro de treino Hugo Rocha (até aos 3 km) e do ugandês Horea Kiplangat (até aos 8 km).
– Esta marca de Samuel Barata coloca-o como 20º português de sempre, tirando lugar a Eduardo Henriques, um dos grandes nomes do fundo nacional. É a melhor marca nacional da última década, desde Rui Silva com 27.53,55 em 2011.
– Ao invés, na prova feminina, sem “lebres” e correndo sempre contra-relógio, Salomé Rocha, campeã pela 4ª vez, gastou 33.18,73. Só Dulce Félix em 2013 (35.17,70) fez pior entre as campeãs da última década.
– Sara Duarte, campeã sub’23 pelo segundo ano, conseguiu o segundo tempo de sempre de uma campeã (33.56,11), curiosamente apenas superado por Salomé Rocha, com 32.40,86 em 2012. Há campeãs sub’23 desde 2008.
– João Vieira (ao contrário do que referimos ontem) tornou-se com este título, o atleta português mais vezes campeão de ar livre (38 vezes), ultrapassando Matos Fernandes, 37 vezes campeão. Com um intervalo recorde de 25 anos (!), João Vieira ganhou 9 títulos de 20 km, 6 de 35 km, 3 de 50 km e 20 de 10/20 km em pista. Tem, além disso, mais 20 títulos de 5000 m em pista coberta.
– Ana Cabecinha conquistou o seu 8º título de 20 km, a que se devem acrescentar 10 em pista e outros 10 em pista coberta (28 no total). Mas a sua marca (1.35.46) foi a pior de uma campeã desde 2000 (ela gastou 1.35.43 em 2019).
– Já Maria Bernardo, 2ª classificada e campeã sub’23, conseguiu 1.36.30, marca que a coloca como 6ª sub’23 de sempre e é a segunda melhor marca de uma campeã deste escalão desde que a prova se realiza (1998). Só Inês Henriques, com 1.35.46 em 2002, fez melhor em campeonatos nacionais.
– Ana Cabecinha, apesar de ter feito um tempo longe do que vale (1.35.46), teria ido ao pódio masculino (3ª) e as campeã, Maria Bernardo (1.36.30), e a vice-campeã sub’23, a ainda júnior Inês Mendes (1.37.36), fizeram melhor que os seus homólogos masculinos, que gastaram respetivamente 1.37.57 e 1.39.08. Se os Nacionais de 20 km marcha tivessem sido conjuntos, quatro dos seis primeiros lugares (entre os 3º e 6º) eram delas!