Dário Moitoso é aos 28 anos, um dos melhores atletas nacionais no trail, sendo já internacional. Começou a correr em 2015 e tem nos 50 km a sua distância preferida. Venceu o primeiro Campeonato Nacional em 2019, na Serra d’Arga, e já este ano, sagrou-se campeão nacional de Ultra Trail, na ilha da Madeira.
Dário Moitoso, de 28 anos, é açoriano, tendo nascido na Horta. Atualmente, trabalha com o seu pai na exploração agrícola familiar. Como acontece com boa parte dos jovens, Dário começou a jogar no futebol com oito anos de idade. Mas uma lesão grave afastou-o dos relvados, tendo depois começado a correr em 2014, para manter alguma atividade física. Um ano depois em 2015, estreou-se na sua primeira competição oficial.
Atleta do Clube Independente de Atletismo Ilha Azul/Azores Trail Run
Atualmente, Dário Moitoso representa o clube da ilha onde vive, o Clube Independente de Atletismo Ilha Azul/Azores Trail Run.
Treina seis dias por semana, fazendo corrida e trabalho de reforço muscular. Tem um treinador desde 2017, seguindo um plano de treinos. Em articulação com o treinador e os dirigentes do clube, o plano é feito em função das provas e dos objetivos para a época.
Corre em média dez provas por ano e tem conseguido conciliar os treinos e corridas com a sua atividade profissional. “Como não tenho horários fixos, tenho sim trabalho que tem de ser feito, vou gerindo o tempo dos treinos e do trabalho, conforme é melhor”.
“Gosto de conhecer lugares novos e desafiar-me. Mas é sempre especial correr em casa, nos Açores”
Estreia no Trilho dos 10 Vulcões
Dário estreou-se em 2015 no Azores Trail Run – Trilho dos 10 Vulcões. Trata-se de uma prova com 22 km que como o próprio nome indica, passa pelos dez principais vulcões existentes nos mais recentes cones vulcânicos da ilha do Faial.
Na sua estreia, o nosso entrevistado alcançou um animador segundo lugar. “Adorei por ser em trilhos perto de onde moro, por serem trilhos muito bonitos, e por toda a envolvência do Trail”.
Especial correr nos Açores
E qual a prova que Dário gostou mais de participar até agora? Para ele, trata-se de uma pergunta difícil. “Gosto de todas, de todos os lugares novos que conheço. Gosto de conhecer lugares novos e desafiar-me. Mas é sempre especial correr em casa, nos Açores”.
Já quanto à prova que lhe deixou piores recordações, deu-nos uma resposta curiosa: “Não há provas em que menos gostei de participar, há é provas que correram mal, ou não como eu queria, mas tento ver tudo pelo lado positivo. Se correu menos bem, é experiência, é aprendizagem”.
“Sinto a estrada muito mais violenta, temos de estar sempre a correr… No trail, há momentos ‘mais calmos'”
50 km, distância preferida, por agora…
Define-se como um ultra-runner mas já correu este ano uma prova de 4 km com um desnível positivo de 1.000 metros. Na distância limite oposta, participou num prova com 100 km. “A distância em que mais me sinto confortável neste momento, são os 50 km, mas acho que em breve, poderão ser distâncias maiores”.
Apesar de ser um ultra-runner, ainda não correu oficialmente uma maratona. Mas já experimentou a distância. “Fiz o ano passado (na altura em que não havia competições, por causa da pandemia), a solo, a distância da maratona. Desafiei-me nesta distância icónica, e consegui cumprir os 42,195 m em 2h45m”.
Evitar o défice calórico
Não dispensa os exames médicos de rotina e as lesões ainda não o visitaram de forma séria. Quanto à alimentação, tenta comer de tudo, e acima de tudo, “tentar nunca estar em défice calórico. Não exagerar em alimentos muito processados, e muito açucarados”.
“O Trail em Portugal está a evoluir muito, nem tem comparação com há 2/3 anos atrás”
Diferenças entre a estrada e o trail
Embora Dario não participe habitualmente em provas de estrada, fala-nos da experiência da sua maratona virtual. “Sinto a estrada muito mais violenta, temos de estar sempre a correr… No trail, há momentos ‘mais calmos’, caminhamos, temos obstáculos para ultrapassar, desfrutamos das paisagens”.
Grande evolução no trail
Dário não tem dúvidas, o trail em Portugal está em grande evolução. “O trail em Portugal está a evoluir muito, nem tem comparação com há 2/3 anos atrás. Temos um nível competitivo muito interessante nas principais provas em Portugal, temos vários atletas a competir a grande nível no estrangeiro”.
E acrescenta: “Está a evoluir muito, está a começar a ter muita visibilidade e muitos bons atletas. É uma mais valia para a modalidade crescer de forma sustentada, tanto a nível de apoio das marcas aos atletas, como o apoio a eventos”.
Privilégio viver e correr nos Açores
Como bom açoriano que é, Dário considera ter excelentes condições de treino e adora correr na sua região. “Não encontro dificuldades acrescidas tendo os apoios necessários. Acho que é um privilégio viver cá, temos condições excelentes para a prática desportiva durante todo o ano, o verão não é muito quente e o inverno não é muito frio! E temos trilhos excelentes!”
“Conhecendo o Trail e tudo o que advém do mesmo, se pudesse escolher, não mudaria nada”
Momentos mais marcantes da carreira
Dário Moitoso já tem vários momentos marcantes na sua ainda curta carreira desportiva: ter vencido o primeiro Campeonato Nacional em 2019, na Serra d’Arga; a experiência de ter corrido uma Marathon des Sables no Deserto do Perú, durante cinco dias em auto suficiência; e, agora, o primeiro título de campeão nacional de Ultra Trail, na ilha da Madeira.
Quanto a projetos futuros na modalidade, Dário quer continuar a “desfrutar da modalidade, continuar a crescer e a evoluir! Não tenho projetos concretos”.
“O Trail está a evoluir muito, está a começar a ter muita visibilidade e muito bons atletas”
Trail, sempre!
Pensa correr enquanto puder e não admite praticar outra modalidade. “Conhecendo o Trail e tudo o que advém do mesmo, se pudesse escolher não mudaria nada”.
No mundo do trail, aprecia particularmente o contato com a natureza, conhecer lugares novos, outras culturas. “Conhecer também pessoas novas, ter experiências enriquecedoras. Poder aliar a parte competitiva à parte turística”.