O benfiquista David Lima é atualmente o melhor velocista português, tendo conseguido este ano dois recordes pessoais nos 100 e 200 metros. A viver na Inglaterra, deu recentemente uma entrevista ao site do Benfica.
Depois de elogiar o projeto olímpico do clube e do ambiente vivido no seio da equipa, Lima falou do seu dia a dia na Inglaterra, das diferenças no treino em relação a Portugal e da sua relação com Linford Christie, seu atual treinador.
Divulgamos seguidamente as suas opiniões sobre estes e outros temas abordados na referida entrevista.
Vive em Inglaterra desde os seis anos e é lá que treina. Como é que o atletismo entrou na sua vida?
O atletismo faz parte do currículo das escolas em Inglaterra. No verão, fazia esse desporto, mas não de forma competitiva. Entre os 13 e os 16 anos praticava outros desportos, como o basquetebol e o futebol. Depois é que decidi ir para o atletismo. Um treinador levou-me para as pistas e comecei os treinos em Birmingham.
Desde 2014 que treina com Linford Christie, um ex-campeão olímpico, mundial e europeu. É uma inspiração? Que indicações e conselhos lhe dá?
É uma inspiração, sem dúvida. Quando temos um treinador que venceu tudo o que há para vencer, há sempre um grau de experiência que atinge a componente psicológica de quem é treinado e que ajuda bastante. Isso é especial! Nas provas, em poucas palavras deixa-te tranquilo e transmite-te confiança. A melhor parte dele como treinador são as qualidades que tem como pessoa. Motiva-me muito. É um treinador que trata todos por igual, é disciplinado.
Como é um dia modelo na sua preparação? Conte-nos o que faz desde o acordar até ao deitar. O que muda quando as competições se aproximam?
Estamos no período de inverno e o treino é muito cedo. Tenho um aquecimento diferente para ginásio ou pista. Depois começamos a preparar os ténis para ir para a pista e fazemos séries mais longas, de 400 metros ou de 200 metros com pouco intervalo. Temos um dia no ginásio e outro na pista. Quando as provas se aproximam… se for ao ar livre só fazemos ginásio uma vez por semana, de resto é só pista.
“Há bons treinadores em Portugal e as condições do CAR no Jamor são muito boas”
Que diferenças existem no treino em Inglaterra e em Portugal?
Não há diferenças físicas. O que acontece é que Portugal tem um clima diferente, melhor para treinos exteriores. Em Inglaterra, treinamos em pista ao ar livre seja à chuva ou frio. O que sucede é que em competição em países com climas frios acabo por fazer melhores tempos, porque estou habituado. A mentalidade é que muda. Em Inglaterra, temos de trabalhar muito, não há vida de luxo. Um pouco como dizem do Cristiano Ronaldo, que treina mais do que os outros para ter sucesso.
Como analisa a cada vez maior procura de atletas para treinar no estrangeiro?
É natural que se pense que temos mais oportunidades noutros países. Depende das circunstâncias. Eu confio nos meus treinadores. Vim de Birmingham para Londres para treinar com o Linford e assim continuo. Tem de se ter cuidado quando se pensa em mudanças bruscas, porque pode correr mal. Há bons treinadores em Portugal e as condições do CAR no Jamor são muito boas.