O casal russo, que desempenhou um papel importante na divulgação do escândalo de doping desportivo no seu país, disse numa entrevista publicada em 27 de Dezembro que não considera mais a Rússia como o seu lar e não tem planos de regressar ao país.
Vitaly e Yulia Stepanov vivem nos Estados Unidos, num local não revelado com o filho de 7 anos e aguardam por uma entrevista como parte do seu pedido de asilo, disseram eles à agência de notícias alemã dpa.
A Rússia, disse Vitaly Stepanov, “é um lugar onde nascemos. Não temos planos para voltar à Rússia”.
O casal fugiu do país em 2014, inicialmente para a Alemanha, dias antes da exibição de um documentário televisivo que detalhava o programa de doping de estado patrocinado pela Rússia.
Stepanov disse que a família pediu asilo político nos Estados Unidos em 2016 e tem levado uma vida típica da classe média americana.
“Ninguém sabe realmente quem somos”, disse ele numa entrevista por telefone. “Não temos muitos amigos, mas temos amigos que apreciamos e temos orgulho de fazerem parte da nossa vida.”
Stepanov disse ainda que não se arrepende de fazer o que fizeram há seis anos. “A verdade veio à tona e as organizações relevantes foram forçadas a lidar com ela. Estamos felizes”, disse ele, “e em geral, acredito que o movimento antidoping é mais forte.”
O doping foi denunciado depois de Yulia Stepanova, ex-campeã da seleção russa, ter feito gravações secretas de treinadores e atletas. Um canal de televisão alemã fez a sua divulgação, amplamente baseada nas provas do casal Stepanov.
Tal, conduziu a uma investigação da Agência Mundial Antidopagem (WADA) auxiliada por outro denunciante – o ex-chefe do laboratório antidopagem de Moscovo, Grigory Rodchenkov – que denunciou práticas de doping patrocinadas pelo Estado e dissimulados no país e nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014 em Sochi. O resultado foi a proibição da participação da equipa russa nos JO de 2016.
No início de Dezembro, o Tribunal de Arbitragem do Desporto (TAS) manteve as sanções antidoping que impedem os atletas russos de competir em grandes eventos desportivos sob a bandeira do país, mas reduziu o período da suspensão de quatro para dois anos.
A suspensão significa que a Rússia não poderá usar a sua bandeira e hino nas grandes competições internacionais nos próximos dois anos.
Os atletas poderão competir sob uma bandeira neutra se não tiverem quaisquer tipo de ligações com o doping. Eles podem ter um equipamento com as cores russas, mas sem a bandeira russa ou qualquer símbolo nacional. A decisão afeta a participação da Rússia nos JO de Tóquio em 2021 e nos JO de Inverno Pequim em 2022.
Stepanov disse que gostaria que a punição não tivesse sido reduzida, mas esperava que fosse adequada, observando que “todos têm que viver com esta decisão, incluindo os atletas da Rússia”.
Stepanov acredita que a WADA e o Comité Olímpico Internacional (COI) estão atuando mais do que no passado, apesar das muitas críticas de terem sido muito tolerantes. Mas ele tem poucas esperanças de que a Rússia mude o seu clima de doping. “O governo russo não está ajudando ao continuar a encobrir e enganar o movimento olímpico. Eles são os principais culpados aqui”, disse Stepanov.
Yuliya Stepanova recebe um apoio monetário do COI para ajudá-la a treinar-se, enquanto Stepanov trabalha como assessor da organização.