O desporto tem sido praticamente ignorado pelo Governo desde que a pandemia do coronavírus chegou a Portugal. Só houve atenções para o futebol e mesmo assim, apenas da 1ª Divisão.
José Manuel Constantino (presidente do COI), José Manuel Lourenço (presidente do C. Paralímpico Português) e Carlos Paula Cardoso (Confederação do Desporto de Portugal) bem se têm esforçado para que o Governo os oiça e responda às suas propostas.
Ao longo destes últimos meses, têm sido tomadas medidas em vários setores da sociedade como a economia, indústria e turismo. Mas, e o desporto? Quantos milhares de cidadãos trabalham na área do desporto? Quantas centenas de clubes não estão seriamente afetados na sua atividade diária? E a falta de medidas que impedem a prática desportiva em inúmeras modalidades, com as suas consequências na saúde dos praticantes?
Esta semana, O COI, CPP e CDP foram recebidos pelo Presidente da República e pela Comissão de Educação, Ciência, Juventude e Desporto da Assembleia da República.
Na visita a Marcelo Rebelo de Sousa, José Manuel Constantino manifestou a preocupação comum “por que passa o tecido associativo de base com a retoma muito condicionada ou inexistente da atividade desportiva”.
Foram ainda explicadas as propostas para combater o impacto da pandemia, com particular destaque para o Fundo Especial de Apoio ao Desporto, e solicitada “a influência junto das entidades governamentais, na linha do que tem sido feito por outros países europeus. Alguns iniciaram o desconfinamento mais tarde, mas têm resposta política para a retoma do desporto”, afirmou Constantino.
Na reunião da Assembleia da República, foram expostos os mesmos temas. Na próxima quarta-feira dia 15, vai haver uma Cimeira das Federações Desportivas em que vai ser discutida a presente situação do desporto português.
Tal como afirmou José Manuel Constantino no debate promovido pela CDP no seu facebook, na passada 4ª feira (“O futuro do desporto na era Covid-19”), o Governo não responde pura e simplesmente às propostas que lhe têm sido entregues. Podia ao menos, dizer que não prestam na sua totalidade ou apenas em parte. Mas não, o seu silêncio é uma manifestação da sua falta de respeito. Afinal, qual o papel do secretário de Estado de Juventude e Desporto? Papel de embrulho?
Na Madeira, o Governo Regional já publicou as normas que regulam a atividade desportiva na região. A Associação Regional de Atletismo já realizou uma prova de estrada obedecendo às normas estabelecidas e estão outras marcadas.
Ao contrário do que alguns afirmam, o Desporto é hoje uma necessidade básica para a sociedade. Até quando é que vamos ter um Governo apenas preocupado com o futebol e com a Liga dos Campeões em Lisboa?
Será que temos de nos mudar para a Madeira para poder praticar desporto, ainda que com novas normas?
Ou vai ser preciso haver uma manifestação frente à Assembleia da República ou da residência do 1º ministro, de todas as modalidades com os seus praticantes, federados ou populares, para que o Governo que afinal se lembre que há desporto em Portugal para além do futebol?