O benfiquista Diogo Antunes, vencedor dos 200 m com 20,94, e a sportinguista Jéssica Barreiro, que ganhou o dardo com 50,80, foram as principais figuras da 2ª jornada do Campeonato de Portugal, realizado em Leiria, e que teve ainda mais três melhores marcas nacionais do ano, através de Hélio Vaz nas barreiras (14,30), Francisco Belo no disco (58,63) e Marta Onofre na vara (4,31).
Houve faltas que se lamentam, houve dois campeões no salto em altura (!) e houve o falhanço de Samuel Remédios no salto com vara, quando ia a caminho de uma excelente marca.
Mas vejamos, prova a prova, o que de mais relevante se passou.
Provas masculinas:
200 metros: Diogo Antunes (Benfica), que só esta época se dedicou mais aos 200 m (tinha 21,52 como melhor em 2014 e já progredira para 21,23), esteve sensacional, ganhando com 20,94 (v:-0,7 m/s) e subindo a 9º de sempre. Rafael Jorge (Benfica) também esteve muito bem (21,06), a dois centésimos do seu recorde pessoal, e Eduardo Sá (SC Braga) completou o pódio, com um recorde pessoal de 21,40 (tinha 21,56 em pista coberta como melhor). Recorde pessoal, ainda, para João Pinto (Sporting), quarto com 21,48. Carlos Nascimento, que ganhara uma das eliminatórias (21,42), não partiu na final, pois os blocos “escorregaram”.
800 metros: José Carlos Pinto (Benfica), revelação desta época (tinha como melhor 1.53,62 em 2017), confirmou-se como o melhor do momento, ganhando com 1.51,31, contra 1.51,58 de João Fonseca (Benfica) e 1.52,04 de Sandy Martins (Sporting), que parece ter estacionado.
3000 m obstáculos: André Pereira (Benfica) confirmou o favoritismo, ganhando em 8.46,39, com Fernando Serrão (Sporting) bem perto (8.47,16), a quatro centésimos do seu melhor. Luís Miguel Borges (Benfica), outro dos candidatos, desistiu. João Bernardo (J. Vidigalense) fechou o pódio, com 8.57,70.
110 m barreiras: Incompreensivelmente, foram admitidos estrangeiros (que estão há poucos meses em Portugal e participam extra) na final. E dois deles foram primeiro (João Oliveira, Benfica, 13,82) e terceiro (Abdel Larrinaga, Benfica, 14,31). Ausente Rasul Dabo, o campeão nacional foi Hélio Vaz (Benfica), com 14,30 (v:-0,2), melhor marca nacional da época, seguido de Paulo Neto (Jardim Serra), com 14,49.
400 m barreiras: Mais uma excelente prova de Diogo Mestre (Benfica), que confirmou o favoritismo, ganhando com boa vantagem, em 50,96, contra 52,77 de Ricardo Lima (SC Braga). Surpresa foi o terceiro lugar do cabo-verdiano Jordin Andrade (Sporting), que correu extra e gastou 53,09.
Altura: Lamentavelmente (o novo regulamento permite-o…), houve dois vencedores, ou seja, dois campeões nacionais. Paulo Conceição e Victor Korst (ambos do Benfica) regressaram à competição e dominaram, passando 2,08 à 2ª tentativa (cada um com um derrube anterior) e falhando depois 2,11. Marcos Maio (Ol. Vianense) completou o pódio (2,05), à frente de Francisco Barreto (Sporting), também com 2,05.
Comprimento: Resultados aquém do esperado e ausência importante de Miguel Marques, que se lesionara nos Jogos do Mediterrâneo. Triunfo natural de Ivo Tavares, com 7,50 (v:-0,4), à frente de Hugo Brígido (GA Caranguejeira), com 7,11, e de Tiago Pereira (individual), com 7,10.
Disco: Francisco Belo (Benfica) obteve a melhor marca da época (58,63 e ainda 58,24), derrotando Edujose Lima (Sporting), 55,52, e Filipe Vital Silva (Real Sociedade-Esp.), 54,22.
Martelo: António Vital Silva (Benfica) continua em bom plano e passou por duas vezes os 70 metros, com 70,74 no 1º ensaio e 71,44 no 6º. Miguel Carreira (Sporting) também esteve bem (66,05), a um metro do seu recorde pessoal (67,08). Fechou o pódio Décio Andrade (GD Estreito), aquém do que vale (59,10).
Decatlo: Samuel Remédios (J. Vidigalense) estava a fazer uma excelente prova. Depois de melhorar (relativamente ao seu melhor decatlo) em quatro das cinco provas do 1º dia, progrediu também nas barreiras (14,69/14,59) e, principalmente, no disco (34,91/41,54!), levando nessa altura 234 pontos de vantagem sobre o seu recorde pessoal de 7378 pontos. Mas três falhas a 4,50, altura a que começou a vara (já passou 5,00 esta época), deitaram tudo a perder. Tudo menos o título nacional. Continuou em prova (49,31 no dardo, 5.20,82 nos 1500 m) e somou 6600 pontos, contra 6324 pontos de Pedro Ferreira (Sporting), 2º classificado com recorde pessoal.
4×400 m: O Sporting não precisou de melhor que 3.25,12 para se sagrar campeão, com a J. Vidigalense em 2º lugar (3.27,25). O Benfica esteve ausente…
Provas femininas:
200 metros: Surpreendente vitória de Rosalina Santos (Sporting) sobre Lorene Bazolo (Sporting), 23,89 (recorde pessoal por um centésimo) contra 23,93. Filipa Martins (Sporting) completou o pódio (24,81). Vento:-0,2 m/s.
800 metros: Com Marta Pen ausente, Salomé Afonso (Sporting) somou o quarto título consecutivo, com 2.06,59, sendo apenas batida pela romena Claudia Bobocea, que correu extra em 2.05,06. Neide Dias (Benfica) foi segunda (2.09,38) e a júnior Margarida Silva (Vit. Setúbal) fechou o pódio com um recorde pessoal de 2.12,81.
5000 metros: Triunfo folgado de Sara Moreira (Sporting), em 15.54,12, 18 segundos à frente de Catarina Ribeiro (Sporting), que gastou 16.12,72. Susana Godinho (Sporting) fechou o pódio, com 16.31,23.
100 m barreiras: Triunfo natural de Olímpia Barbosa (Sporting), em 13,83, à frente de Andreia Felisberto (SC Braga), que gastou 14,04. Excelente Fatumara Balde (Fund. Salesianos), que progrediu de 14,20 para 14,06 e é já a sexta júnior nacional de sempre.
400 m barreiras: Andreia Crespo (Sporting) confirmou o seu amplo favoritismo, ganhando em 59,53. Inesperado foi o 2º lugar de Rafaela Hora (C+S Lavra), que progrediu de 64,40 para 61,36 (mais de três segundos!), superando Patrícia Lopes (Sporting), que a dias de completar 36 anos, ainda foi ao pódio (61,42).
Vara: Prova das mais aguardadas, teve triunfo de Marta Onofre (Sporting), com a melhor marca nacional da época – 4,31 (falhou depois os 4,40). Eleonor Tavares (Sporting), que na sexta-feira fora apenas 10ª no Campeonato de França, com 4,15, depois de passar 4,20 na qualificação, foi este domingo segunda em Portugal, com 4,24. Cátia Pereira (Sporting) fechou o pódio, com 4,17.
Triplo: Embora ainda aquém dos 14 metros (que apenas Susana Costa atingiu esta época, com 14,01), foi emocionante o despique entre Susana Costa (Ac. F. Ribeiro) e Patrícia Mamona (Sporting). Susana esteve sempre na liderança, com 13,48 no 1º ensaio, 13,70 no 2º e 13,72 no 5º. No último, Patrícia igualou os 13,72 (v:-0,4) – embora em desvantagem no desempate – mas, logo a seguir, Susana respondeu com 13,81 (+0,5). Ausente Evelise Veiga, foi Shaina Mags (SC Braga) a terceira, com 13,23 (v:-0,9).
Peso: Pódio sem surpresas. Jéssica Inchude (Sporting) ganhou com lançamentos a 16,66, 16,66 e 16,64! Eliana Bandeira (J. Vidigalense) foi segunda, com 15,75. E Francislaine Serra (Sporting) fechou o pódio com 15,26.
Dardo: Apesar de ter conseguido a melhor marca do ano (48,49), Sílvia Cruz (Sporting) falhou aquele que seria o seu 15º título na especialidade. Mérito para a sensacional Jéssica Barreira (Sporting), que começou a época com 43,37 como recorde pessoal, já tinha melhorado para 46,72 e, nesta prova, conseguiu 47,72 no 2º ensaio e 50,80 no 4º (e ainda 49,55 no 6º), sendo já a sexta portuguesa de sempre. Marlene Araújo (SC Braga) fechou o pódio, com 43,28.
Heptatlo: Catarina Fernandes (Sporting) liderava no final da 1ª jornada, mas fez três nulos no comprimento e acabou por já não se apresentar nos 800 metros. E o título foi para a júnior açoreana Dania Furk (AC Mocidade), com um recorde pessoal de 4254 pontos.
4×400 metros: Única equipa abaixo dos quatro minutos, o Sporting (3.53,70) deixou a segunda equipa, UC Eirense, a quase nove segundos (4.02,38).