O canal ZDF divulgou na noite de domingo um documentário sobre o doping no Quénia, revelando que oito atletas selecionados para o Mundial de Doha estão dopados. Em causa, estão também a Federação e a Agência Antidoping.
O jornalista da ZDF, Markus Herm visitou o Quénia e constatou que o doping continua a ser uma realidade, apesar de todas as medidas anunciadas pelo Governo, pela Federação queniana e pela IAAF.
Sob o anonimato, um médico explicou ter injetado com EPO oito atletas da equipa queniana selecionada para Doha. “Não há doping justamente antes da corrida ou de uma competição importante”, disse ele. “Aqui, eles utilizam EPO no treino. Da equipa nacional atual, eu tinha oito corredores comigo, oito no total”.
Oficialmente, a Federação queniana tomou medidas de persuasão, como por exemplo o banimento da seleção nacional de todos os atletas acusados de doping. Mas a ZDF encontrou documentos comprometendo a Federação e a Agência Antidoping queniana (ADAK). Um funcionário com um posto elevado escreveu a um reputado responsável do atletismo: “Os testes A e B do atleta são positivos. Deixe-nos reunir o mais depressa possível para discutir o caso”.
Um antigo funcionário da ADAK explica: “eles ocultam os resultados de diferentes atletas, de modo que um atleta não seja banido. A Federação queniana e a ADAK trabalham em conjunto. Os atletas ou os seus dirigentes devem pagar para tal”.
Markus Herm inquiriu Brett Clothier, responsável da Unidade de Integridade de Atletismo (AIU). “Estas alegações são muito sérias e nós não somos ingénuos, nós sabemos que tais problemas e a corrupção existem no Quénia”.
Clothier indicou que a AIU investiga estas alegações, ameaçando uma suspensão total do país, como sucedeu com a Rússia em 2015. “Há cinco países de categoria A, o que significa que existem graves problemas de doping e nós impusemos regras muito restritas às quais têm de se submeter. O Quénia é um deles e se as regras não são respeitadas, a Federação Internacional com o seu executivo pode suspender completamente o país”
No próximo mês de Outubro, vai ser divulgado um documentário de Hajo Seppelt, um jornalista alemão que entre outros, investigou o escândalo do doping generalizado na Rússia. O tema será o doping em Marrocos.