Eduardo Meireles tem 64 anos e representa o Saca Trilhos Anadia. Tem 64 anos e começou a correr há apenas nove anos. Apaixonado pelo Trail, é dono de um bonito curriculum que inclui a vitória no seu escalão no Ultra Trail Mont Blanc de 150 km.
Eduardo Meireles tem 64 anos e é natural da Anadia. Trabalha há 45 anos no ramo das Artes Gráficas e descobriu o atletismo há apenas nove anos.
Mas o que mais o atraiu na modalidade foi o trail. Num fim de semana com amigos na Serra da Freita, descobriu que estava no percurso do Ultra Trail Serra da Freita. “Até aquela data, nem sabia da existência deste tipo de atividade desportiva. Como estava parado desde que deixei o futebol, decidi e mentalizei-me que iria treinar para nos três anos seguintes, percorrer as três distâncias da prova”.
Metas definidas ainda antes de começar a correr
Meireles cumpriu 2/3 do seu objetivo inicial. No primeiro ano, correu os 28 km, no segundo ano, os 65 km. Mas no terceiro ano, não pôde participar nos 100 km devido a uma arreliadora rotura na zona do tendão de Aquiles da perna direita. “Até hoje, não consegui ter calendário para o fazer. Estou a tentar programar para o ano que vem”.
“O Trail bateu à minha porta na hora certa e deixá-lo entrar, foi a melhor decisão que podia ter tomado nesta fase da minha vida”
Do futebol ao trail
Meireles jogou futebol dos 15 até aos 40 anos. Recebeu depois vários convites para continuar a vida desportiva como treinador, os quais recusou. “Sei sim, que o Trail bateu à minha porta na hora certa e deixá-lo entrar, foi a melhor decisão que podia ter tomado nesta fase da minha vida, pois correr na natureza é qualquer coisa de libertador”.
Meireles e esposa, ambos atletas do Saca Trilhos Anadia
Meireles é atleta do Saca Trilhos Anadia. “Represento com muito orgulho, a enorme família que é o clube Saca Trilhos Anadia”. Treina habitualmente 4 a 5 vezes por semana, entre ginásio e corrida. Não tem treinador mas como ele diz, quando precisa de ajuda, conversa com o “mister” Albano João. ”Não sigo qualquer plano. Treino quando posso e na forma que acho adequada para o momento, tendo sempre em conta os objetivos que me proponho atingir ao longo do ano”.
A conciliação dos treinos e corridas com a sua atividade profissional tem sido possível, na companhia da sua esposa que é também atleta do Saca Trilhos. “Com motivação e força de vontade, tudo se consegue”.
Estreia difícil na estrada
Meireles não guarda boas recordações das suas primeiras provas de estrada, em 2017. A estreia foi na praia da Costa Nova, em Ílhavo. “Foi um sufoco (10 km em cerca de 41 minutos) e senti que a experiência não me enriqueceu em nada, pois nem a paisagem deu para apreciar. Repeti a experiência passado um mês em Pombal, também 10 km, o que também não trouxe nada de novo. Depois disso, só corro no mato e na montanha e não quero outros cenários”.
“A subida ao pódio (UTMB) foi até hoje, dos momentos mais marcantes da minha vida desportiva”
Distância preferida passa pelas Ultramaratonas
Meireles é um atleta de grandes distâncias com a sua preferência a ir para os 50 km, 100 km e 100 milhas.
Já correu 25 a 30 maratonas mas todas em montanha. A primeira foi em Ourém, na Serra D’Aire, no mês de janeiro. “Foram 44 km debaixo de chuva e nevoeiro. Foi muito gratificante finalizar e poder usufruir do banhinho de gelo no final”.
Quanto ao número de provas anuais, Meireles tem vindo a reduzir o seu número. Nos primeiros anos (corridas curtas) participava de três em três semanas. Mais tarde, de 15 em 15 dias. Nos últimos anos com o alongamento das distâncias, corre em média, uma prova por mês.
Nos dois últimos anos, participou em 23 provas divididas por:
– 5 sprint
– 8 trail
– 5 ultra
– 3 endurance
– 2 endurance XL
“Correr na natureza é qualquer coisa de libertador”
Preferência clara pela montanha
Meireles é um apaixonado pela montanha. As suas provas preferidas são o UTMB-TDS, o UTS Freita, o Estrela/Açor e todas as disputadas em montanha e alta montanha.
Já a prova que lhe deixou recordações menos agradáveis foi o Campeonato Nacional de Sprint 2022 em Sintra. “Ficou muito abaixo das minhas expetativas. Tendo em conta que estávamos na Serra de Sintra, o percurso escolhido foi muito pouco interessante”.
Momento marcante no Ultra Trail Mont Blanc
O momento mais marcante da sua carreira desportiva passou-se no UTMB-TDS de 150 km, onde venceu no seu escalão M60. “A subida ao pódio foi até hoje, dos momentos mais marcantes da minha vida desportiva”.
Meireles descreve a sua experiência no UTMB: “Simplesmente BRUTAL. Não se consegue descrever. Só quem já participou e finalizou uma corrida com este grau de dificuldade, consegue sentir o que significam todos aqueles momentos. Tanto antes da partida, como durante a competição, assim como depois de cortar a meta”.
Visita das lesões
As lesões já o visitaram, desde roturas nos tendões a roturas musculares. “Talvez por não seguir um esquema de treino pré-definido e mais equilibrado”.
Não dispensa os exames médicos de rotina, onde não faltam a prova de esforço e análises clínicas, tendo especial atenção aos níveis do ferro.
Quanto à alimentação, tem os devidos cuidados. “Como não sou muito radical, não me cuido em demasia. Como tudo o que me apetece, mas sem excessos”.
“O mundo do Trail é um mundo diferente, genuíno, libertador, onde por enquanto o respeito pelo atleta é a palavra de ordem”
Mundo do Trail é diferente
No mundo das corridas, Meireles aprecia particularmente, “a facilidade com que se estabelecem novas relações de amizade, se criam laços com pessoas que até aquele momento nos eram completamente desconhecidas. O mundo do Trail é um mundo diferente, genuíno, libertador, onde por enquanto o respeito pelo atleta é a palavra de ordem”.
Quanto ao futuro da modalidade, não pensa muito nele, “pois de alguma forma tudo, acaba por se ajustar e evoluir. Prefiro aproveitar o presente e desfrutar de todas as provas que puder enquanto a idade o permitir”.
Projetos futuros na modalidade
Meireles costuma dizer que o melhor ainda está para vir. Nos próximos anos, pensa participar e finalizar (além de muitas outras provas de distâncias menores), o MIUT 115K, o UTSF 100K, de novo o UTMB-TDS 150K, o ALUT 305K, o Serra D’Arga 100K, o UTMB 100 milhas, o Peneda Gerês 160K e o Terras de Sicó 180 K.
Pensa correr enquanto a “minha esposa me apoiar e acompanhar dia e noite, a mente se mantiver forte e conseguir manter as condições físicas mínimas para o fazer, vou continuar a correr. Naturalmente que cada vez será mais devagar, mas também de vez em quando, conseguirei ir mais longe”.
Agradecimentos a quem o tem apoiado
A terminar, Meireles quis agradecer a todos os que têm estado sempre ao seu lado, e que dia após dia, o têm apoiado e ajudado a atingir os objetivos a que se tem proposto:
“À minha esposa Cristina Meireles
Aos meus filhos
À extraordinária família Saca Trilhos
Aos meus amigos de todas as horas
Aos profissionais que de mim cuidam quando necessário”