Durante muito tempo, correr uma maratona era só para homens. As mulheres demoraram a ser reconhecidas oficialmente como atletas da distância. Kathrine Switzer foi a primeira mulher a vencer essa proibição. Uma inscrição duvidosa e a fúria de um diretor da prova, com direito a ataque sobre Kathrine, marcaram a sua estreia.
Tudo isso aconteceu em 1967, na tradicional Maratona de Boston, a maratona anual mais antiga do mundo. Um ano antes, uma americana já havia disputado a prova sem estar inscrita. Em 1959, outra competidora fez a distância oficialmente, mas numa prova pequena. Foi Kathrine Switzer, aos 20 anos, quem desafiou a organização da Maratona de Boston para fazer história.
Após a partida, Kathrine ouviu logo nos primeiros metros, Jock Semple, diretor da prova, exigir a sua saída. Irritado, ele partiu para cima da corredora e tentou retirá-la do percurso. O namorado dela na época protegeu-a: deu um abanão no diretor e empurrou-o. O casal, continuou então a correr.
A imagem dessa confusão ficou conhecida no mundo. Com a expressão de espanto no rosto, Kathrine completou a maratona em 4h20m. Na camisola, ela tinha o nº 261. Mas como ela tinha aquele número se a inscrição para mulheres era então proibida?
Kathrine inscreveu-se com os seus primeiros nomes abreviados: K.V. Switzer. Segundo ela, a ideia não era enganar a organização, mas apenas usar o apelido que usava nas matérias que escrevia nos tempos de jornal da faculdade. Kathrine ainda contou com um descuido da organização, que só se deu conta do equívoco no dia da corrida.
Mas aí já era tarde. O resto virou história. “Quando vou para a Maratona de Boston agora, fico com os ombros molhados: muitas mulheres choram de alegria nos meus ombros porque correr mudou a vida delas. Elas sentem que podem fazer qualquer coisa”, resumiu Kathrine ao The Nation.
E 50 anos depois do dia que se tornou importante para tantas mulheres, Kathrine voltará à prova como convidada na edição de 2017, no dia 17 de Abril. Ela terá então 70 anos.