Apenas um recorde mundial (e numa prova nova) e dois recordes dos campeonatos, além de oito melhores marcas mundiais do ano (sem contar as quatro estafetas) são um fraco pecúlio deste 16º Campeonato do Mundo, em Londres, que os Estados Unidos dominaram largamente e registou um novo recorde de países com títulos/medalhas de ouro – nada menos de 27.
Inês Henriques foi a única nova recordista mundial, mas a prova de 50 km marcha realizava-se pela primeira vez em grandes competições e tem ainda uma história muito curta. E apenas Yohan Diniz, nos 50 km marcha, e Emma Coburn, nos 3.000 m obstáculos, conseguiram bater recordes dos campeonatos. Comparando com Pequim’2015, houve agora melhores campeões masculinos em 12 das 24 provas, incluindo todas as de meio-fundo e marcha (exceto obstáculos), fruto das difíceis condições encontradas na capital chinesa para as provas longas. Idem para os terceiros lugares. Já no setor feminino, foram melhores 13 campeãs (em 23) e 11 terceiras (mais uma igual), também com a generalidade das provas longas a fazerem a diferença (a exceção foi a vencedora dos 5.000 m).
Títulos e medalhas muito distribuídos
Com a Rússia resumida a meia dúzia de atletas (competindo como “individuais”), houve uma maior distribuição de títulos – por 27 países, um recorde, mais um que em Atenas’1997 – e houve nada menos de 43 países medalhados, contra um máximo de 46 em Osaka’2007. Os Estados Unidos somaram 10 títulos (já chegaram a ganhar 14) mas conseguiram um recorde de 30 medalhas, a uma da antiga RD Alemanha, com 31 em Roma’1987. O Quénia, apesar de um ou outro falhanço (sem medalhas nos 800 m femininos e nos 5.000 m masculinos, apenas bronze nos obstáculos femininos), somou cinco títulos e um total de 11 medalhas. E a África do Sul e França chegaram aos três títulos cada. A Polónia foi terceira em número de medalhas (8). Ao invés, Itália e Cuba, por exemplo, ficaram-se por apenas uma medalha de bronze e a Espanha nem isso (teve um 4º lugar como melhor). Alemanha, Austrália e Jamaica só conquistaram um título cada…
Allyson Felix, a mais medalhada de sempre
Dois atletas dominaram as atenções, mas não foram totalmente felizes. Mo Farah ganhou os 10.000 m e, depois, foi segundo nos 5.000 m. Excelente, mesmo assim. Usaim Bolt conquistou a sua 14ª medalha (mas apenas de bronze…) nos 100 m mas, depois, lesionou-se no último percurso dos 4×100 m. Outra grande figura, embora não dando tanto nas vistas foi Allyson Felix, que somou medalhas nos 400 m (bronze), 4×100 m (ouro) e 4×400 m (ouro) e já leva um total de 16 medalhas (11O-3P-2B), ultrapassando Merlene Ottey, que entre 1987 e 1997 conquistara 14.
Muitas surpresas
Foi também um campeonato de surpresas. No setor masculino, foram surpreendentes as vitórias de Justin Gatlin (100 m), Ramil Giliyev (200 m), Pierre-Ambroise Bosse (800 m), Muktar Edris (5.000 m), Karsten Warholm (400 m barreiras), Andrius Gudzius (disco), Grã-Bretanha (4×100 m) e Trinidade (4×400 m) – nada menos de oito provas. E que dizer dos 110 m barreiras, com o melhor norte-americano apenas 5º, ou do peso, com Ryan Crown, que não perdia desde setembro de 2016, em 6º? Menos surpresas no setor feminino, mas Elaine Thompson foi apenas quinta nos 100 m e deixou a Jamaica fora do pódio; nos obstáculos, as norte-americanas fizeram primeira e segunda (!); e Phyllis Francis foi uma inesperada campeã de 400 m.
Top’10 mundial pouco atingido
Foram poucas as entradas no top’10 mundial de sempre. Para além de Inês Henriques, destaque para a grega Ekaterini Stefanidi, com 4,91 na vara, subindo a 4ª de sempre; para as corredoras de obstáculos norte-americanas Emma Coburn (9.02,58) e Courtney Frerichs (9.03,77), agora 6ª e 7ª; e para a bem conhecida Caster Semenya, cujos 1.55,16 aos 800 m a colocam como 7ª de sempre. No setor masculino, não houve entradas no top’10.
Agora, resta aguardar pelos principais meetings da Liga de Diamante: Birmingham no domingo, dia 20; Zurique na 5ª feira, 24; e Bruxelas na 6ª feira, dia 1…
RECORDE DO MUNDO (1)
50 km M (F) Inês Henriques POR 4.05.56
RECORDES DOS CAMPEONATOS (3)
50 km M (M) Yohan Diniz FRA 3.33.12
3.000 ob. (F) Emma Coburn EUA 9.02.58
50 km M (F) Inês Henriques POR 4.05.56
MELHORES MARCAS MUNDIAIS DO ANO (11)
10.000 m (M) Mo Farah GBR 26.49,51
Decatlo (M) Kévin Meyer FRA 8768
50 km M (M) Yohan Diniz FRA 3.33.12
4×100 m (M) Grã-Bretanha GBR 37,47
4×400 m (M) Trindade e Tobago TTO 2.58,12
800 m (F) Caster Semenya AFS 1.55,16
10.000 m (F) Almaz Ayana ETI 30.16,32
Vara (F) Ekaterini Stefanidi GRE 4,91
50 km M (F) Inês Henriques POR 4.05.56
4×100 m (F) Estados Unidos EUA 41,82
4×400 m (F) Estados Unidos EUA 3.19,02