O ex-campeão olímpico etíope Selemon Barega juntou-se ao exclusivo clube de atletas que atingiu os mínimos em quatro distâncias para Campeonatos Mundiais. No recente Meeting de Londres, o atleta de 25 anos bateu por quase cinco segundos o seu recorde pessoal nos 1.500 m, registando 3.32,93. Com esse resultado, Barega completou uma rara conquista: detém agora mínimos nos 1.500 m, 5.000 m, 10.000 m e maratona para o Campeonato Mundial de Tóquio.
Tempos de qualificação de Barega
1.500 m – 3.32,93 (mínimo: 3.33,00)
5.000 m – 12.51,39 (mínimo: 13.01,00)
10.000 m – 26.44,13 (mínimo: 27.00,00)
Maratona – 2h05m15s (mínimo: 2h06m30s)
Os mínimos agora obtidos por Barega nos 1.500 m sucederam apenas cinco meses após a sua estreia na maratona com o tempo de 2h05m15s em Sevilha, em fevereiro. O seu curriculum desportivo já está bem recheado: ouro olímpico nos 10.000 m (Tóquio 2021), prata no mundial nos 5.000 m (Doha 2019) e bronze no mundial nos 10.000 m (Budapeste 2023), campeão da final da Liga Diamante de 2018 com apenas 18 anos.
Mas, dada a profundidade das corridas de fundo da Etiópia, mesmo sendo um atleta de elite e conseguindo tempos de nível internacional, tal não garante uma vaga.
Cada país pode inscrever apenas três atletas por disciplina num Campeonato Mundial e nos Jogos Olímpicos. A profundidade da distância na Etiópia é tão grande que até mesmo um atleta olímpico como Barega pode ficar de fora da equipa em várias distâncias.
Eis aqui a posição de Barega na classificação do Ethiopian Road to Tokyo :
- 1.500 m: ele é o único etíope com mínimos.
- 5.000 m: ele está em oitavo, o que significa que cinco etíopes mais rápidos teriam que recusar as suas vagas para que ele fosse selecionado.
- 10.000 m: ele está em terceiro, está quase seguro.
- Maratona: ele está em 20º. Outros dezassete etíopes teriam que desistir para que Barega fosse considerado. (O prazo para a maratona já passou e a equipa já foi definida.)
Portanto, apesar de Barega atingir os mínimos em quatro distâncias, ele não será certamente selecionado para as quatro provas no Mundial de Tóquio. De qualquer forma, se ele fosse selecionado para as quatro distâncias, teria sete corridas em dez dias. Uma tarefa gigantesca que poucos atletas, se é que algum, considerariam sequer tentar.
