Lisboa assistiu à melhor maratona já realizada em Portugal, com os cinco primeiros a estilhaçarem o anterior melhor tempo, estabelecido o ano passado, também na capital, em 2h07m34s. E tivemos os primeiros sete com um tempo abaixo das 2h10m.
Tal como o vencedor, o etíope Andualem Shiferaw reconheceu no final, as “lebres” fizeram um excelente trabalho, imprimindo um andamento muito vivo. O grupo da frente passou à meia maratona em 1h03m11s e aos 37 km de prova, ainda havia um grupo de dez atletas a comandar. Um quilómetro após, já eram apenas cinco na frente, número que baixou pouco depois para dois, Shiferaw e o queniano Samuel Wanjiku. O vencedor foi decidido num emocionante sprint, com Shiferaw a vencer em 2h06m00s, menos um segundo que Wanjiku. Pouco depois e a 22 segundos, chegou outro queniano, Stephen Chemlany.
Rui Teixeira, primeiro não africano
Até ao 10º classificado, tivemos apenas atletas africanos: 5 quenianos, 4 etíopes e um europeu. Mas depois, tivemos de esperar mais de um quarto de hora (!) pelo 11º. Foi ele o sportinguista Rui Teixeira que se estreou na distância com 2h25m14s. Quem estivesse fora da realidade atual da modalidade, pensaria que os atletas se tinham enganado no percurso. Ou então, como um casal estrangeiro que situado uma centena de metros antes do Terreiro do Paço e perante tantos minutos sem aparecer um atleta, perguntou se a prova já tinha acabado. Enfim, baixou muito o nível dos atletas maratonistas, não apenas na alta competição como a nível popular. Hoje, corre-se com outro espírito.
Vitória da etíope Sechale Dalasa
Em femininos, a queniana Helen Jpkurgat andou muito tempo na frente mas passou a ter a companhia da etíope Sechale Dalasa depois dos 30 km. Entraram juntas no Terreiro do Paço com Dalasa a desferir um ataque que lhe permitiu vencer em 2h29m51s, com seis segundos de avanço da sua adversária. Outra etíope, Sule Utura fechou o pódio com 2h32m16s. A bracarense Jéssica Pontes foi a primeira portuguesa ao ser oitava com 2h51m41s.
Segundo melhor número de participantes
À exceção de um atleta que entrevistámos, todos os outros gostaram da organização. Classificaram-se 4.435 atletas, segundo melhor registo de sempre mas ainda abaixo do recorde que vem desde 2017 com 4.673. O ano passado, tivemos apenas 3.103 mas a culpa foi do ciclone Leslie que varreu a capital na véspera.
ANDRÉ COSTA/TRAIL TEAM CPA
Tem 29 anos e é fuzileiro. Corre há 12 anos e estreou-se na S. Silvestre de S. Miguel (10 km). Treina oito vezes por semana e a maratona é a sua distância preferida. Faz exames médicos de rotina e quanto aos cuidados com a alimentação, “tem mais ou menos”. Teve ume lesão no último ano e esta foi a sua 5ª maratona. Quanto ao percurso, gostou com algum sobe e desce, tendo baixado o ritmo nos últimos 12 km. Classificou a organização como “5 estrelas” e foi o 2º português ao terminar em 14º lugar com 2h32m09s.
CAMILA SAJIOLO/BRASIL
Tem 30 anos e é publicitária. Veio de propósito do Brasil para correr a prova. Corre há três anos e treina seis vezes por semana. A sua distância preferida é a da maratona e faz exames médicos de rotina. Tem cuidado com a alimentação e não esteve lesionada no último ano. Esta foi a sua estreia na maratona, classificou como “ótimos” o percurso e a organização. Foi a 311ª da geral e 21ª feminina com 3h14m49s.
RUI ALVES/OS GALGOS
Tem 38 anos e é agente da PSP. Corre há quatro anos e estreou-se na Corrida da APAV. Treina seis vezes por semana e tem na maratona a sua distância preferida. Faz exames médicos de rotina e tem cuidado com a alimentação. Não esteve lesionado no último ano e esta foi a sua 4ª maratona. Classificou o percurso como razoável e gostou da organização. Foi o 22º classificado com 2h40m31s.
ANA SOUSA/INDIVIDUAL
Tem 36 anos e é professora educação física. Corre há sete anos e estreou-se numa Color Run em Matosinhos com 5 km. Treina seis vezes por semana e gosta mais de ultramaratonas (já correu trails de 100 km). Costuma fazer exames médicos de rotina e tem cuidado com a alimentação. Não esteve lesionada no último ano e esta foi a sua 3ª maratona. Gostou muito do percurso e classificou a organização como “perfeita”. Ficou em 449º lugar na geral e 24ª feminina com 3h22m14s.
JOSÉ BATISTA/INDIVIDUAL
Tem 32 anos e é enfermeiro. Corre há cinco anos e estreou-se numa prova no Algarve com 10 km. Treina 5/6 vezes por semana e a maratona é a sua distância preferida. Costuma fazer exames médicos de rotina e tem cuidado com a alimentação. Não esteve lesionado no último ano e esta foi a sua 5ª maratona. Acerca do percurso, “ lindíssimo até Oeiras. Teve sobe e desce mas a partir do km 30, foi sempre a rolar”. Quanto à organização, mostrou-se crítico: “não é má mas não é perfeita. Continua com alguns deficits. Com tantos anos, já deviam ter mais cuidado. Preocupam-se muito com os atletas de elite e com a meia maratona”. Classificou-se em 46º lugar com 2h49m52s.