A família da atleta ugandesa Rebecca Cheptegei que morreu no Quénia após ter sido queimada pelo ex-companheiro, pediu justiça e ação legal contra o culpado.
“Estou muito triste porque perdi a minha filha. Peço a sua ajuda para que essa pessoa que matou a minha filha possa ser processada”, disse Joseph Cheptegei aos jornalistas, no hospital onde ela faleceu.
Rebecca Cheptegei, de 33 anos, estava em tratamento intensivo depois do seu ex-companheiro, Dickson Marangach, a ter regado com gasolina e ateado fogo, na sua casa no oeste do Quénia, causando mais de 80% de queimaduras.
Antes do incidente, o casal foi ouvido a discutir por causa do terreno onde fica a casa, de acordo com um relatório policial. Marangach sofreu menos queimaduras no incidente, e ambos estavam a receber tratamento especializado no hospital da cidade de Eldoret.
Rebecca Cheptegei faleceu devido à falência múltipla de órgãos, disse um médico do hospital. A sua morte chocou toda a gente, particularmente do mundo do atletismo, tanto no seu país natal como no Quénia, onde ela treinou. O ministro dos Desportos do Uganda, Peter Ogwang, classificou a morte de “trágica”, acrescentando que as autoridades quenianas estão a fazer uma investigação, enquanto a primeira-dama do país, Janet Museveni, descreveu a trista notícia como “profundamente perturbadora”.
“As minhas sinceras condolências vão para a comunidade do atletismo, a sua família, amigos e toda a nação pela perda da nossa atleta olímpica”, disse ela.
A morte de Rebecca Cheptegei também voltou a chamar a atenção para a violência contra atletas e mulheres em geral no Quénia. Em outubro de 2021, a maratonista Agnes Tirop foi esfaqueada até à morte na sua casa na cidade de Iten. No ano seguinte, Damaris Mutua, uma atleta queniana que se naturalizou pelo Bahrain, foi encontrada morta na casa do seu namorado na mesma cidade, com um relatório a registar que ela havia sido estrangulada. Em ambos os casos, a polícia identificou os seus companheiros como os principais suspeitos.
A violência contra as mulheres é um problema comum no Quénia, onde uma pesquisa de 2022 descobriu que 34% das meninas e mulheres dos 15 aos 49 anos sofreram violência física desde os 15 anos. Muitos casos não recebem a atenção necessária nos tribunais e, por isso, a maioria das pessoas acha que pode escapar impune.