Dono das melhores marcas do mundo no lançamento de disco e lançamento do peso, polícia reformado ficou paraplégico ao cair de um muro durante uma perseguição a um assaltante
Em 2006, o brasileiro André Rocha integrava a força tática de um batalhão da Polícia Militar do Estado de São Paulo, quando um acidente mudou o seu destino. Durante uma perseguição a um assaltante, o polícia caiu de um muro e sofreu uma séria lesão na coluna, ficando paraplégico. Os primeiros anos na nova condição foram bem difíceis. A depressão fez com que o polícia reformado ficasse dois anos sem sair de casa. Certo dia, porém, ele foi apresentado ao atletismo paralímpico. Como num passe de mágica, o desporto, que antes servia apenas como catalisador emocional, tornou-se o ganha-pão de André.
Aos 40 anos, o atleta prepara-se para disputar o seu primeiro Mundial Paralímpico, na próxima semana, a partir do dia 14, em Londres. Dono de cinco recordes mundiais somente este ano (três no lançamento do peso e dois no lançamento do disco), ele chega à competição com o status de homem mais forte do mundo na sua classe, a F52.
– “Quando sofri o meu acidente, caí numa depressão profunda. Os dois primeiros anos foram bem difíceis, não conseguia nem sair de casa. Antes do acidente, eu praticava basquetebol, sempre gostei de desporto. Um meu ex-treinador indicou-me fazer algum desporto paralímpico. Pensei no basquetebol em cadeira de rodas, mas acabei indo para o atletismo. Quando me dei conta, já estava competindo nas provas de campo. Hoje, pelo menos em teremos de resultados, posso dizer que vivo o melhor momento na carreira – disse André, que é casado e tem três filhos.
André especializou-se no lançamento de peso, mas é no lançamento do disco que ele competirá em Londres. Medalha de prata nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto, em 2015, e prata no Mundial Militar no mesmo ano, ele sofreu grande frustração no ano passado, quando ficou de fora dos Jogos Paralímpidos do Rio, uma vez que a sua principal prova não foi incluída nos Jogos. Até então, André pertencia à classe F54, para atletas com grau de deficiência menor que os da sua classe atual.
O ano de 2017 tem marcado a volta por cima de André Rocha. Devido ao aumento do seu grau de deficiência, ele foi reclassificado, passando a disputar competições na classe F52. Após a mudança, os bons resultados vieram rapidamente. Em seis meses, o atleta conseguiu a proeza de bater cinco recordes mundiais, três no lançamento do peso e dois no lançamento do disco. O caminho, no entanto, foi bem sofrido.
– “As marcas surpreenderam-me de certa forma, porque eu fiz uma cirurgia na cervical em novembro do ano passado. Vinha sofrendo com dores insuportáveis desde o ano passado. Melhorei com a cirurgia. Hoje só tenho a dor neuropática que me acompanha desde o acidente há onze anos. Atualmente, faço bastante fisioterapia e acupuntura e só 50% das minhas atividades são lançamento” – revelou.