A fratura de esforço, conhecida também por fratura de stress, problema anteriormente associado aos atletas de alta competição e militares (marchas de longa distância) é agora também uma preocupação para todas as pessoas que praticam desporto ou que lidam com a atividade física.
Com o aumento do número de praticantes desportivos e da sobrecarga extra que às vezes ultrapassam a resistência físio-histológica (principalmente corrida), além da intensidade dos treinos, as fraturas de esforço podem acontecer por causa do esgotamento muscular (esforço excessivo) e a falta de absorção de impactos acumulativos. Invariavelmente, os músculos fatigados transferem a sobrecarga do stress para o osso ocorrendo a fratura por stress.
O que é a fratura de esforço
As fraturas de esforço são fissuras microscópicas dos ossos, causadas pela soma da quantidade do impacto. Esse esforço físico aumenta as solicitações ósseas que, quando ultrapassam a resistência normal, ocorre a substituição da deformação elástica pela deformação plástica, isto é, não há retorno à situação anterior e, caso as exigências continuem, instalam-se microfraturas, prevalecendo então a reabsorção óssea. Nesta fase da evolução, tem-se uma alteração fisiológica, a fratura, no entanto, sem o aparente comprometimento anatómico (deformidade).
Como acontece
Pode originar-se por um aumento muito rápido da intensidade, volume ou mesmo de uma mudança no tipo de treino (troca de sapatos, tipo de piso, programa de saltos, etc.). A fadiga muscular pode também ter um papel importante na ocorrência de fraturas por stress.
Por cada milha que um corredor percorre, mais de 110 toneladas de força devem ser absorvidas pelos pés. Os ossos não são feitos para absorver muita energia e os músculos agem como absorventes de choque adicionais. Mas quando os músculos ficam cansados e param de absorver a maioria da energia, as quantidades mais altas do choque vão para os ossos.
O osso envolvido é submetido a uma carga excessiva sem o devido respeito pelos princípios do progresso e do repouso, e inicia-se uma fratura da parte mais interna do osso (trabéculas ósseas) que pode, se não tratado, progredir para uma fratura completa (incluindo a cortical).
Qual a incidência
Vários estudos têm mostrado resultados que indicam que as mulheres têm mais fraturas de esforço do que os homens. Muitos ortopedistas atribuem este facto a uma condição conhecida como a “tríade da atleta feminina”:
. Desordem alimentar (bulimia ou anorexia)
. Amenorreia (ciclo menstrual ausente)
. Osteoporose. Quando a massa óssea da mulher diminui, aumentam as possibilidades de ocorrer uma fratura por stress.
As fraturas de esforço ocorrem menos frequentemente nos africanos se comparados com os caucasianos. Isso sucede devido a um BMD mais elevado (densidade mineral do osso). A incidência aumenta provavelmente também com a idade devido às reduções da BMD.
Quais os ossos acometidos
Os ossos dos membros inferiores são os mais acometidos, principalmente os ossos do pé, tíbia, fíbula e fémur, cuja origem é a sobrecarga de uma forma intensa, mal realizada ou sem o devido intervalo de recuperação.
Quais são os sintomas
A fratura de esforço tem geralmente uma lista estreita dos sintomas:
. Uma área generalizada de dor no membro acometido.
. Enfraquecimento e
. Dor ao pisar (carga);
. Edema e equimose (roxo) são raros.
Como é feito o diagnóstico
Há uma discrepância entre a clínica referida pelo doente e os exames radiológicos, pois o raio X em geral é normal (a não ser em fases mais tardias, à volta de 15 dias, onde pode aparecer uma formação de um calo ósseo discreto no local da fratura). Nas fases iniciais, cerca de 80% das fraturas de esforço não são evidentes nas radiografias.
São necessários para confirmação diagnóstica, os métodos como ressonância magnética (RM) ou cintilografia óssea que apresentam uma boa sensibilidade. A cintilografia óssea deteta a fase inicial da patologia, cerca de 95% dos casos em menos de 24 horas da lesão.
Como é o tratamento da fratura de esforço
O tratamento é conservador, com repouso relativo, isto é, afastado de toda e qualquer atividade de impacto, podendo o atleta realizar atividades na água e exercícios de fortalecimento e alongamento para manter a sua condição muscular e cárdio-respiratória.
1 – Repouso: indivíduos precisam de repousar da atividade que causou a fratura de esforço e realizar atividades sem dor e sem impacto durante seis a oito semanas, para que ocorra a cura da fratura. Se a atividade que causou a fratura de esforço é retomada muito rapidamente, podem-se desenvolver fraturas maiores e mais difíceis de curar. Uma recidiva também pode levar a problemas crónicos.
2 – Sapatos adequados: com bom amortecimento e o descanso apropriado, pode-se evitar este tipo de lesão.
3 – Substituição: trocar a corrida por outra atividade aeróbia sem impacto como a natação ou o ciclismo e quando voltar a correr, iniciar em terreno macio ou relva.
4 – Após o período de recuperação, outras duas semanas de atividade suave sem nenhuma dor podem ser recomendadas antes que o osso possa com segurança ser considerado apto e a atividade puder aumentar gradualmente.
5 – A reabilitação consiste geralmente no treino da força do músculo para ajudar a dissipar as forças excessivas transmitidas aos ossos. Nalguns casos, pode ser usado um estimulador eletrónico. A Eletromagnética estimula o osso fazendo com que ele coloque para fora mais energia, fortalecendo-o.
6 – Nas fraturas severas por esforço, a cirurgia pode ser necessária para adequada readaptação e redução anatómica apropriada. O procedimento pode envolver fixação do local da fratura e a reabilitação feita numa média de seis meses.
Como é feita a prevenção
– Aumente lentamente qualquer atividade desportiva nova. Por exemplo, não comece a correr 7/8 quilómetros por dia. Corra em dias alternados e uma pequena distância.
– Recomenda-se um acréscimo de até 10% semanal na intensidade e aumento do treino. Isto permite que os ossos se adaptem ao stress adicionado, podendo assim suportar no futuro quantidades maiores de stress;
– Alongamentos ajudam também a construir mais força muscular nos pés;
– Aumentar a ingestão de cálcio e da vitamina D, dependendo do indivíduo;
– Também é importante monitorizar a alimentação porque a nutrição tem papel vital no desenvolvimento
do osso. Determinados indivíduos têm maior risco de osteoporose;
– Utilize equipamentos adequados. Sapatos novos, macios e com amortecedores de impacto, adequados à sua modalidade;
– Se houver dor ou edema, pare imediatamente a atividade e repouse por alguns dias. Se a dor persistir, procure um ortopedista.
Artigo publicado em www.webrun.com.br