O jornal britânico The Telegraph publicou uma reportagem denunciando que pessoas ligadas ao velocista Justin Gatlin estariam oferecendo um esquema para utilização de substâncias proibidas. Os factos apresentados teriam motivado uma investigação por parte da autoridades do controle de dopagem. Depois disso, o americano defendeu-se ontem usando a sua conta oficial no Instagram.
“Eu não estou usando e não usei PED (“Performance Enhancing Drugs” -“drogas que melhoram a performance”). Fiquei chocado e surpreso ao saber que o meu treinador (Dennis Mitchell) tenha algo a ver sequer com a aparição dessas acusações. Eu demiti-o assim que soube disso. Todas as opções legais estão na mesa, já que não vou deixar que outros mintam sobre mim dessa forma. Não tenho outros comentários, agora que é um assunto jurídico. Eles vão ouvir o meu advogado no futuro. Obrigado a todos os meus apoiantes e os que me querem bem” – comentou na postagem.
Usando um disfarce, repórteres do jornal The Telegraph descobriram um esquema em que pessoas ligadas à equipa de Gatlin ofereciam receitas usando nomes falsos e faziam contrabando de substâncias ilegais para os Estados Unidos. O procedimento seria feito por meio de um médico na Áustria e teria um custo de 225 mil dólares para os atletas interessados.
O ex-treinador de Gatlin, Dennis Mitchell, e um agente, Robert Wagner, foram gravados secretamente afirmando que o uso de doping no atletismo continua sem controle e descrevendo como era possível burlar os testes. Num dos encontros, Wagner teria até admitido que Gatlin usa substâncias ilegais para melhorar os seus resultados.
De facto, na noite desta segunda-feira, depois de o assunto ter sido divulgado, representantes de Justin Gatlin anunciaram que ele estava desligando-se de Mitchell e revelaram mais de cinco anos de testes realizados pelo atleta. Também foi informado que Wagner teria trabalhado poucas vezes com o americano.
Justin Gatlin tem histórico de doping na carreira. Acusou positivo pela primeira vez aos 20 anos. Na ocasião, ele alegou que as anfetaminas apontadas pelo teste estavam presentes num remédio que usava desde a infância e recebeu apenas uma advertência. Foi campeão olímpico em 2004 e mundial em 2005, até que, no ano seguinte, foi apanhado em novo exame. Desta vez, por ser reincidente, Gatlin foi punido com oito anos de afastamento do desporto. Ele negou sempre que tivesse utilizado qualquer substância. O seu então treinador alegou que ele havia sido sabotado. Por colaborar com as investigações, teve a pena reduzida para quatro anos, voltando às grandes competições em 2011.