Justin Gatlin, recente campeão mundial dos 100 m, pediu “desculpas oficiais” pelas duas punições por doping, e disse que as vaias dos espetadores no Mundial de Londres o magoaram. Na final, Usain Bolt foi terceiro, atrás de outro americano, Christian Coleman.
-“As vaias magoaram-me. Eu não estava lá por mim, mas pelo meu país. Talvez as vaias fossem para mim, mas eu estava no pódio pelas pessoas que me amam e pelo país que eu amo”, afirmou Gatlin ao canal ITV News.
O americano de 35 anos, medalha ouro olímpica em Atenas 2004 e campeão mundial em 2005, em Helsinquia, escapou de uma suspensão em 2001, levando apenas uma advertência, e foi suspenso por quatro anos em 2006.
– “Se eles querem uma desculpa oficial, eu peço desculpa. Peço desculpa por qualquer erro que eu tenha cometido no desporto”, disse.
Na primeira vez em que foi apanhado, Gatlin levou uma pena de dois anos, mas acabou sendo apenas advertido ao alegar que o estimulante proibido estava num remédio que ele tomava desde a infância, quando foi diagnosticado com deficit de atenção. A suspensão, de facto, veio depois dele testar positivo em testosterona em 2006, e duraria inicialmente oito anos. Mas foi reduzida em metade depois de a sua defesa ter alegado as circunstâncias do primeiro caso. De acordo com Gatlin, um fisioterapeuta que não gostava dele, aplicou nas suas pernas um creme que continha testosterona.
Indagado por que ele nunca tinha pedido desculpas, Gatlin negou e disse que escreveu uma carta pessoal à IAAF que não foi divulgada.
– “A carta que eu escrevi foi suprimida por quase seis anos. Não tenho a certeza quem ou porque a suprimiram. Mas eu pedi desculpas. Eu comecei a participar num programa onde eu falava com as crianças sobre armadilhas de pessoas erradas, para elas seguirem o caminho e fazer as coisas certas. Eu era um modelo para o futuro. E ainda me sinto assim”, disse Gatlin.