Como foi divulgado, o etíope Haile Gebrselassie e Rosa Mota foram embaixadores da Meia Maratona de Madrid disputada no passado domingo.
Gebrselassie, bicampeão olímpico dos 10.000 m (1996 e 2000) e tetracampeão mundial na mesma distância, deu uma entrevista à agência espanhola EFE, onde diz acreditar que teremos dentro de dois ou três anos, um maratonista a correr a distância em menos de duas horas. Mas duvida que seja o queniano Eliud Kipchoge.
Reproduzimos seguidamente as partes mais interessantes da referida entrevista à EFE:
Correu os 10.000 m em 26m22s em Hengelo, em 1998. Joshua Cheptegei correu em 26m11s em Valência. Em breve, veremos alguém baixar dos 26 minutos nos 10.000 m?
R: Sim, é possível, talvez vejamos isso em cinco anos. Neste momento, não podemos olhar apenas para o desempenho físico dos atletas. A tecnologia, o calçado, a pista, a luz do estádio ou uma ‘lebre’ que marca do início ao fim, condicionam.
Como corredor, venceu várias maratonas, incluindo Berlim por quatro vezes. Este ano, nos Jogos, uma das grandes provas seria a maratona com Kelvin Kiptum e Eliud Kipchoge. Como vê a corrida agora sem Kiptum?
R: Existem muitos Kiptums agora, acredite. Kiptum era um atleta incrível, muito bom. Ele era um fora de série. Mas veremos que nos próximos dois ou três anos, virão outros extraordinários desses mesmos países.
P: Como descreveria Kipchoge?
R: Kipchoge é incrível. Não são apenas as suas pernas, mas também a sua mente. Ele é um super-homem.
P: Ficará abaixo das duas horas na maratona a curto prazo?
R: É possível que o faça outro atleta. Acho difícil que Kipchoge o consiga. Talvez o vejamos em dois ou três anos.
P: Em Berlim? Valência?
R: Neste momento, parece que em Valência, porque é um traçado muito rápido. Possivelmente será aí. O corredor médio etíope já ronda as duas horas e um minuto em grandes provas, mas um corredor forte poderá em breve, estar por baixo das duas horas em Valência.
P: O que acha de toda a febre que se vive com as maratonas e da indústria em que ela se converteu com participantes de todos os países e viagens populares por todo o mundo?
R: É muito importante. Correr, tem que fazer parte da vida. As pessoas têm de mantê-lo, não como uma indústria, mas sim como um modo de vida. É muito importante praticar desporto. Se puderem correr melhor, mas se não, caminharem ou fazerem outro desporto que gostem.
P: Quando se fala de Haile Gebreselassie, uma palavra que as pessoas usam é lenda. Sente-se assim?
R: Não, não, Haile Gebreselassie foi um atleta há muito tempo atrás, não digo que não fui bom mas não me considero uma lenda, não me sinto assim.
P: Um dos atletas mais importantes do momento é Jakob Ingebrigtsen. Gosta dele?
R: Ah, sim, é muito bom. Na verdade, os dois irmãos têm uma tática incrível. Ele é um atleta forte. Se há alguém que pode vencer a Etiópia e o Quénia, é Jakob Ingebrigtsen. É incrível.
P: Olhando para trás. Está feliz com a carreira profissional que teve?
R: Estou contente, estou realmente feliz. Eu fiz o que precisava de fazer. Isso é tudo.