Um dos maiores especialistas em genética no desporto, o biólogo e fisiologista grego Yannis Pitsiladis, professor da Universidade de Brighton, dedicou anos a tentar decifrar porque é que os atletas africanos dominam as provas de resistência. Num primeiro momento, a sua hipótese foi simplesmente “os genes”. Depois, ele passou a considerar fatores socioeconómicos e evolutivos, que envolvem, por exemplo, a origem de povos como o Kalenjinm que migrou do rio Nilo séculos atrás, para áreas muito altas do Quénia, o que favorece o desempenho.
Outra vantagem histórica, segundo o treinador cubano Lázaro, é que tanto o Quénia como a Etiópia possuem uma fortíssima cultura de atletismo. Assim, as crianças e jovens são seduzidos para o desporto e a consequência, são o domínio do meio fundo e fundo mundial. Por exemplo, Dennis Kimetto, ex-recordista mundial da maratona, cresceu a ajudar os pais humildes na terra e no gado e passou depois a usufruir do poderoso ambiente competitivo e de treino queniano.
Há alguns anos, uma outra corrente de investigadores considerou o trabalho duro como mais determinante que o DNA. Estudiosos basearam-se na tese das 10 mil horas de trabalho prático como determinantes da maestria nas artes e desporto. Ela valoriza a dedicação e o treino como mais determinantes que o talento natural para o sucesso.
A sobrevalorização do trabalho, porém, é contestada. Os críticos dizem que caso a tese fosse uma verdade científica, tornaria num mestre, qualquer um que acumulasse essas milhares de horas.