O mexicano Germán Silva venceu por duas vezes a Maratona de Nova York. A primeira delas há vinte e oito anos atrás, para se tornar o terceiro mexicano a vencer a prova. No ano seguinte, Silva repetiu a façanha, passando a ser o primeiro mexicano a conquistar dois triunfos. Agora, aos 54 anos, o outrora maratonista de 2h08m encontrou o seu maior desafio até agora – o Projeto Pinole, percorrendo 5.000 quilómetros pelo México, de Tijuana a Tulum.
Crescendo em Vera Cruz, México, Germán vendia laranjas nas ruas para ajudar a sustentar a sua grande família de 13 irmãos e as suas corridas.
A família veio sempre em primeiro lugar para Germán, mas a sua paixão pelo atletismo, levou-o a representar o México nos Jogos Olímpicos de 1992 e 1996 nos 10.000 m e na maratona. Ele também ganhou uma medalha de prata no Campeonato Mundial de Meia Maratona em 1994.
Ele iniciou o Projeto Pinole há quatro meses em Tijuana, em 5 de Novembro, e completou a sua aventura de 5.000 km no recente dia 20, em Tulum, correndo o equivalente a 120 maratonas em 111 dias.
O objetivo de Silva era alterar a imagem pública do México e revelar algumas das belas regiões do país que são ignoradas pela comunicação social. Silva teve sempre uma equipa a segui-lo para a sua segurança e apoio, o que o ajudou a gravar vídeos para um próximo documentário sobre esta corrida, a ser lançado ainda este ano.
Não foram dias fáceis para Germán, pois as temperaturas chegaram aos 40ºC quando atravessou a Península de Yucatán e as regiões de Campeche. Quando atravessou as montanhas de Sierra Madre, também encontrou neve na descida.
“Partes da jornada foram realmente difíceis”, disse Germán ao jornalista norte-americano Kevin Sieff, do Washington Post. Sieff é um maratonista com um recorde pessoal de 2h48m e juntou-se a Germán em parte do seu percurso, ao norte da Cidade do México. No seu artigo sobre Germán, ele documentou a experiência do mexicano com os moradores locais, o calor e o trato com membros do cartel da droga de Sinaloa.
Germán foi parado algumas vezes por pistoleiros do cartel que montaram postos de controlo ao longo da estrada. Quando foi confrontado, ele descreveu a sua corrida de 5.000 km e pôde continuar. Em vários casos, os membros do cartel avisaram por rádio outros postos de controlo que um corredor estava a entrar no seu território. De acordo com Sieff, Germán até distribuiu camisolas de corrida da Brooks para os filhos dos membros do cartel.
Outro dos objetivos de Germán com o Projeto Pinole, era conseguir inspirar outras pessoas e continuar a crescer correndo no México.
Quando Germán chegou a Tulum, houve uma grande receção para saudar a sua finalização na praia. “Estou muito grato pela minha jornada e o seu apoio”, disse Germán aos seus seguidores nas redes sociais. Vou lembrar-me disto para sempre no meu coração.” Em 2014, Germán foi introduzido no hall da fama da Maratona de Nova York com os ícones da corrida Kathrine Switzer e George Spitz.