A guerra em Tigray ceifou a vida de 76 atletas, disse à BBC, Kidane Teklehaimanot, líder da Federação de Atletismo do Tigray.
O sangrento conflito de dois anos entre o governo da Etiópia e as forças da região começou em Novembro de 2020 e provocou milhares de mortes.
“Recebemos uma lista contendo todos os nomes”, disse Kidane Teklehaimanot. “Morreram setenta e seis atletas que representavam o futuro desta nação. Dois treinadores e dois dirigentes também morreram.”
O conflito causou condições semelhantes às da fome e terminou em Novembro do ano passado, depois de o governo etíope e a Frente de Libertação do Povo Tigray terem assinado uma cordo de paz mediado pela União Africana.
Teklehaimanot disse que muitos dos atletas falecidos eram jovens competidores promissores que estavam envolvidos em competições regionais, nacionais e internacionais. As vítimas foram na sua maioria, civis mortos por soldados.
“É possível que alguns deles tenham aderido à resistência armada após a guerra de aniquilação contra Tigray”, acrescentou Teklehaimanot. “Se olhar para os atletas que representam hoje o seu país (Etiópia) em competições internacionais, eles deixaram Tigray antes da guerra”.
“Tigray tinha atletas bons e promissores. Realizamos competições para encontrar atletas há algum tempo, mas não conseguimos tantos quanto queríamos. Perdemos aqueles que tinham o melhor potencial.”
Também a maioria das instalações desportivas de Tigray foram destruídas pela guerra.
Gudaf Tsegay, campeã mundial dos 10.000 m em Budapeste, e Lestsenbet Gidey, campeã mundial dos 10.000 m em Eugene e atual recordista mundial dos 10.000 m e da meia maratona, estão entre as atletas Tigrayan que representam a Etiópia a nível mundial. Também Gotytom Gebreslase, campeão mundial da maratona do ano passado, Hagos Gebrhiwet, vencedor do Campeonato Mundial de Corrida de Estrada de 2023, e Berihu Aregawi, recordista mundial de 5 km estrada, também são atletas da região com um brilhante curriculum desportivo.