Em entrevista ao jornal espanhol AS, o etíope Haile Gebrselassie, de 46 anos, afirmou que demorará dez anos até alguém baixar das duas horas à maratona.
Acerca do seu dia a dia, Gebrselassie ainda corre 10 a 20 km diários. “Sigo magro mas com alguns quilos a mais, cinco. Mas estou feliz”.
Neste momento, ele dedica-se aos seus negócios, na agricultura e na hotelaria, com hotéis em várias cidades do país. Em criança, corria 20 quilómetros por dia. “Fazia todos os dias 10 km para ir à escola e depois regressava. Fi-lo durante dez anos e é por isso que sou corredor. Foi importante para mim. O corpo acostuma-se, os ligamentos… tudo. Porque não conduzes um carro e o corpo adapta-se”.
Quanto aos seus melhores momentos como atleta, elege dois. A final olímpica dos 10.000 m em Sydney 2000 em que venceu, num apertado sprint com o queniano Paul Tergat. “Lutámos muito. Fora da pista, somos amigos. Já fui ao Quénia e ele à Etiópia. As pessoas perguntam como é possível que nos demos bem”. Outro momento especial foi o triunfo na maratona de Berlim 2008 no tempo recorde de 2h03m59s.
Gebrselassie não duvida da importância das recentes sapatilhas Vaporfly na evolução dos tempos na maratona. “Não tenho dúvidas acerca disso. Não são tempos fáceis, porque acredito nos atletas em si, e que essa é a diferença. Não sei se são aceitáveis ou não, a IAAF deveria investigar sobre isso. Porque pode chegar uma empresa que consiga sapatilhas que sejam como cangurus.
Kipchoge abaixo das duas horas em Viena
Acerca da proeza de Kipchoge em Viena onde fez 1h59m40s, afirmou: “para ele, foi fantástico ser o primeiro homem a baixar das duas horas. Felicito-o. Mas como será a seguir? Preocupa-me o futuro da maratona. Quem organizará as provas? Estarão felizes com 2h02m ou 2h03m se não baixarem das duas horas?”
E baixará alguém das duas horas numa maratona “normal” comercial? “Sim, alguma vez mas a pergunta é quando? Não será cedo, durará pelo menos dez anos”.