Cinco agentes da Polícia Metropolitana de Londres vão enfrentar uma audiência de má conduta grave sobre a detenção do português Ricardo dos Santos e da sua companheira Bianca Williams.
Os dois atletas foram mandados parar no oeste de Londres em 4 de julho de 2020, quando viajavam com o seu bebé de três meses. Foram ambos algemados e revistados, mas nada foi encontrado.
Ricardo dos Santos, de 27 anos e recordista nacional dos 400 m, escreveu nas redes sociais: “Esta tem sido uma longa jornada, que não tem sido fácil. Estamos neste processo há quase dois anos, e quem sabe quanto tempo ainda teremos de esperar pela conclusão do processo de improbidade”.
Bianca Williams, medalhada de ouro na estafeta 4×100 m nos Jogos da Commonwealth de 2018 e no Campeonato Europeu de 2018, acusou a polícia de discriminação racial e apresentou uma queixa. “Saúdo esta decisão e espero que isso abra as portas para que o Met comece a ser mais honesto e reflexivo sobre a cultura do racismo, que sem dúvida ainda é uma realidade dentro da organização”, disse Williams num comunicado divulgado pelos advogados do casal.
O Independent Office for Police Conduct, que lida com queixas contra a polícia na Inglaterra e no País de Gales, disse que os cinco polícias envolvidos na detenção dos atletas enfrentarão um painel disciplinar que “decidirá se são comprovadas as alegações de violação dos padrões profissionais”.
A polícia pediu desculpa pelo desconforto causado aos dois atletas. Ela justificou então que os polícias que patrulhavam a área pararam e revistaram o carro porque acreditavam que ele estava “a ser conduzido de uma maneira que levantava suspeitas”.
O presidente da Câmara de Londres, Sadiq Khan, disse então, estar “perturbado” com o incidente e destacou a necessidade de reformular a liderança da Polícia Metropolitana, o maior departamento de polícia da Grã-Bretanha.
A chefe da polícia de Londres, Cressida Dick, pediu a demissão em fevereiro, depois de Khan ter criticado publicamente a sua liderança após uma série de alegações envolvendo comportamento racista e misógino dentro das fileiras do seu departamento.