Atual campeã nacional da maratona feminina, a corredora israelita Bracha Deutsch disse, numa entrevista ao jornal britânico Telegraph, que não irá correr a prova nos JO de Tóquio. Recentemente, o Comité Olímpico Internacional e o Comité Organizador mudaram a data da maratona, passando-a do domingo para o sábado, dia do Shabat.
O Shabat vai do por do sol da sexta-feira até ao por do sol de sábado, e é um dia de descanso para o povo judeu. Isso significa que os judeus que seguem o Shabat não podem realizar diversas atividades, entre elas a prática desportiva.
“Quando me propus representar Israel nos Jogos Olímpicos, a maratona estava marcada para domingo. Depois, eles mudaram o local e os dias da maratona, mandaram a prova para Sapporo, e a maratona feminina vai ser no Shabat. Para mim, não há exceções e estou 100% comprometida com isso (Shabat). É incrível, desconectamos totalmente, é reestruturador”, afirmou Bracha.
A corredora nasceu em Nova Jersey, nos Estados Unidos, e é filha de judeus ultraortodoxos. A melhor marca da carreira da atleta de 30 anos é 2h32m25s, feita em Janeiro deste ano, superior ao mínimo olímpico, 2h29m. Ela ainda precisa de obter o mínimo, mas pode fazê-lo até Maio de 2021 para carimbar o seu lugar em Tóquio.
“Não acho que o mundo precise de mudar porque tenho os meus valores religiosos, mas os Jogos Olímpicos devem ser um evento unificador para as pessoas de todos os tipos de origens – é sobre diversidade. Numa época em que todos tentam aceitar e acomodar mais género, raça – tudo – sinto que eles deveriam ser mais tolerantes”, disse.
Não há apenas atletismo nos Jogos Olímpicos. Será que os desportistas israelitas vão faltar todos às provas nas suas modalidades quando disputadas nos sábados? E como tem sido desde os 1ºs Jogos Olímpicos da era moderna, em 1896?
A maratona está marcada para um domingo. E se aparecer alguém de uma qualquer outra religião a dizer que o domingo é o seu dia de descanso e não pode fazer esforços físicos?