João Luís tem 54 anos e é atleta da Casa do Povo de Alcanena. Corre regularmente há oito anos, numa média de 25 provas por ano e os 10 km são a sua distância preferida.
João Luís nasceu há 54 anos em Malhou, concelho de Alcanena, terra de Carlos Calado, recordista nacional do comprimento. Carpinteiro de profissão, começou a correr de forma mais regular há cerca de oito anos. “Já tinha feito atletismo nos anos 80. Por volta de 2010, houve uma crise na minha área profissional e por isso, voltei a correr sozinho ou com amigos”.
Estreou-se nos 20 km de Almeirim em 2012 e gostou da experiência. Corre pela Casa do Povo de Alcanena e treina normalmente, quatro vezes por semana, só ou acompanhado. Não tem treinador, sendo ele a elaborar os seus planos de treinos, “para estar na melhor forma duas ou três vezes por ano, dependendo das provas”. Como trabalha por conta própria, concilia facilmente os treinos e as provas com a sua atividade profissional.
A distância preferida de João Luís passa pelos 10 km e corre em média, 25 provas anuais, “dependendo da minha condição física e disponibilidade”.
As suas provas preferidas são a São Silvestre na Batalha e o Grande Prémio de Constância. Já quanto às provas que menos lhe agradaram, considera que “há provas que não correm como gostamos, mas mesmo assim, podemos tirar pontos positivos, de forma a melhorar no futuro”.
Não é grande adepto dos trails. “Já fiz dois ou três, mas não gosto de percursos arriscados. Prefiro antes percursos de estrada de terra batida”.
Ainda não se estreou na mítica distância da maratona, ficando-se pelas meias maratonas.
“Ir mas com calma, visto que nesta idade, não se pode entrar em loucuras”
Momentos marcantes da carreira desportiva
Como momentos mais marcantes da sua carreira desportiva, João Luís destaca os Nacionais de pista quando fazia obstáculos ou os Nacionais de estrada. Recorda ainda quando se sagrou campeão distrital no ano em que fez 50 anos, nos veteranos para mais de 35 anos.
Ter atenção à idade
Nunca pensou em praticar uma modalidade alternativa ao atletismo e pensa correr enquanto puder, “mas com calma, visto que nesta idade, não se pode entrar em loucuras”.
Os seus projetos futuros na modalidade são a curto e médio prazo. “Ir a umas corridas com os meus amigos e ver se começam as corridas em geral”.
No mundo das corridas, João Luís aprecia particularmente o convívio e “o facto de no final de uma prova, ver vários atletas contentes por se terem superado a si próprios, o que não se vê muito em outras modalidades”.
“Aparecem alguns jovens com valor, mas não há grande espírito de sacrifício e motivação para as provas de meio fundo e fundo”
Lesões vão incomodando
Não dispensa os exames médicos de rotina, até porque está federado. Não tem um cuidado especial com a alimentação mas procura não abusar.
As lesões vão-no incomodando. “Os maiores problemas são as costas, devido ao meu trabalho profissional. Também as articulações e os joelhos são às vezes, um problema, por isso treino dia sim, dia não”.
Falta espírito de sacrifício e motivação nos jovens
João Luís considera que no geral, as provas são bem organizadas. Vê futuro no atletismo em Portugal mas com algumas reticências. “Aparecem alguns jovens com valor, mas não há grande espírito de sacrifício e motivação para as provas de meio fundo e fundo, ou seja, os jovens são aliciados por outras modalidades menos exigentes”.
Treinos em tempos de pandemia
A pandemia já dura há mais de um ano mas João Luís não tem deixado de correr. “Tenho treinado de uma forma mais ou menos igual ao que fazia, mas não treino com o mesmo nível de intensidade como treinava se houvesse provas”. Não tem participado nas corridas virtuais mas tem feito alguns treinos mais intensos.
Vê o regresso às provas como uma incógnita, já se inscreveu em duas ou três que foram posteriormente anuladas. Apesar de ainda não estar vacinado, admite o regresso às provas, “com as devidas precauções”.
Prova é no pavilhão porque está a chuviscar…
João Luís contou-nos duas estórias passadas nas corridas. A primeira passou-se num dia que estava a chuviscar, quando foi a uma prova de 15 km. Deslocou-se cedo para ela com um colega que gostava de ir cedo para ver a preparação da prova. “Perguntámos a uma senhora onde era a prova e ela disse-nos que como o tempo assim, devia de ser no pavilhão”.
Correr 1.000 m em 2m15s!
A outra estória passou-se quando um indivíduo lhe perguntou se podia ir correr à pista. “Passados uns dias, encontrei-o e perguntei-lhe como tinha corrido o seu treino, ao que ele me respondeu que tinha feito 1000 metros em 2 minutos e 15 segundos numa volta à pista, pensando que esta tinha essa distância”.
Sugestão de um Circuito de corridas
A terminar, João Luís deixou-nos a sugestão de um Circuito com 3 provas de estrada, 3 de trail e 2 de pista, a nível distrital, “para ver se motivava mais atletas a participarem”. Quis ainda “agradecer a oportunidade desta entrevista e dar os parabéns pela revista. Já fui vosso assinante nos anos 80 e 90”.