Joaquim Rebelo tem 65 anos e é atleta dos Trinca Espinhas, clube de Portalegre. Começou a correr há 12 anos e nunca mais parou. Amante do trail, nunca desistiu nem se lesionou em prova.
Joaquim Rebelo tem 65 anos e nasceu em Fronteira, distrito de Portalegre. O desporto fez sempre parte da sua vida, tendo jogado futebol e depois, feito ciclismo. Mas uma queda violenta levou-o a transferir-se há 12 anos para o atletismo.

É atleta dos Trinca Espinhas, clube sediado em Portalegre. Treina habitualmente duas a três vezes por semana, dois deles com os companheiros do clube, intercalando com idas ao ginásio.
Rebelo não tem treinador, é ele quem elabora o seu plano de treinos, adequado ao seu perfil e idade. Reformado, a sua vida de atleta está sujeita à sua vida familiar, onde o lazer e a condição de avô se sobrepõe a tudo o resto.
Trails
A sua paixão nas corridas passa fundamentalmente pelo trail. Elege como preferidos, o Trail dos Reis e o UTSM em Portalegre, o de Marvão, de Poiares, Albuquerque e Alegrete.
Não é grande freguês das corridas de estrada mas vai gostando delas cada vez mais, o seu objetivo passa por correr uma meia maratona. “Participo em quatro ou cinco corridas (de estrada), dou mais valor aos treinos conjuntos. A primeira que fiz foi em Castelo de Vide, foi noturna e gostei imenso”.
A sua distância preferida passa pelos 20 quilómetros. Gostava de fazer um dia uma maratona mas duvida que o consiga.
“Pode ser muito bonita a envolvência mas se o percurso estiver mal marcado, é um desastre”
Compreensão por quem organiza as provas

Rebelo não é crítico das provas onde tem participado. “Gostei de todas as corridas em que participei. Se houve algum aspeto menos positivo, basta recordar as centenas de pessoas que estão envolvidas na organização de uma prova, amadoras que gostam da sua terra e da sua região, para tudo esquecer e valorizar sim, o esforço e o trabalho voluntário por uma causa tão nobre que é organizar estas provas”.
Chama a atenção, particularmente nos trails, para a importância da boa marcação dos percursos. “Pode ser muito bonita a envolvência mas se o percurso estiver mal marcado, é um desastre”.
Nunca desistiu nem se lesionou em prova
Para Rebelo, o momento que mais o tem marcado nas provas, é o facto de nunca ter desistido nem se ter lesionado em prova. “É sempre com alguma emoção que termino”.
Pensa correr “até sempre” e como modalidade alternativa, gostava muito do futsal.
Nas corridas, aprecia particularmente o querer e a vontade de superação, o espírito de sacrifício e a resiliência.

Não dispensa os exames médicos de rotina. As lesões que sofreu não tiveram grande gravidade, “mais próprias da idade e que se resolvem com uma massagem adequada, com algum repouso e as pomadas milagrosas”.
Procura ter os devidos cuidados com a alimentação. “É fundamental”.
“Há jovens muito talentosos e com um grande futuro. E ainda há muitos e bons veteranos a espalharem ‘magia’ por esse mundo fora”
Modalidade com futuro promissor
Rebelo considera que o atletismo no nosso país tem um futuro promissor, “fruto do trabalho desenvolvido ao longo destes últimos anos. Há jovens muito talentosos e com um grande futuro. E ainda há muitos e bons veteranos a espalharem ‘magia’ por esse mundo fora”.
“Gostaria ainda de convidar e incentivar todas as pessoas, independentemente da idade, a praticar desporto, seja ele a caminhar, a correr, a nadar. Mexam-se!”
Treino em grupo durante a pandemia com a GNR à vista e petisco no fim com um cão a cambalear

Quanto a estórias, Rebelo conta-nos uma passada durante a pandemia do Covid. “Não podíamos andar juntos, muitos cuidados. Tínhamos de treinar na serra como sempre. Lá íamos, cada um no seu carro, receosos até um ponto previamente combinado. Corríamos sempre desconfiados não surgisse a GNR. Voltas e mais voltas até que num cruzamento, eis que surgem eles. Não podia haver ajuntamentos, cada um correu mais do que o outro para dar a ideia que íamos todos sozinhos, portanto, sem problemas de transmissão do vírus”.
Depois do final dos 20 quilómetros de treino, Rebelo e os seus companheiros foram comer e beber algo, sós no meio da serra. Surgiu então um cão de porte considerável. “Quis participar na festa, comeu e bebeu e na brincadeira, nunca mais lhe prestámos atenção até ao ponto em que o vimos a cambalear sem conseguir andar. Risada geral mas de tal maneira intensa, que ninguém foi capaz de acudir ao cão desesperado que tentava andar… Estórias de um tempo que esperamos nunca mais volte”.
“Costumo dizer que quando vou ao ginásio ou correr, bebi a minha medicação”
Convite à prática desportiva

A terminar, Joaquim Rebelo quis incentivar a população à prática desportiva: “Gostaria ainda de convidar e incentivar todas as pessoas, independentemente da idade, a praticar desporto, seja ele a caminhar, a correr, a nadar. Mexam-se! Pela minha experiência, não consigo já passar sem correr e ir ao ginásio, o corpo como que ‘pede’ para exercitar. Costumo dizer que quando vou ao ginásio ou correr, bebi a minha medicação. Depois de um bom treino na serra, venho cansado mas feliz, com a mente e o corpo mais livre, sem preocupações do dia a dia”.
O nosso entrevistado quis ainda agradecer aos Trinca Espinhas. “Ninguém fica para trás, divertimento é a finalidade, convívio com todos, amizade e apoio. No final, há sempre um farnel (sim, cada um leva o que pode) e muita diversão”.