Lamine Diack, ex-presidente da IAAF, reconheceu ontem, durante o julgamento em Paris, onde é um dos acusados de corrupção, que atrasou processos disciplinares contra 23 atletas russos suspeitos de doping. Segundo informou a agência de notícias AFP, Diack, de 87 anos, assegurou ao tribunal que atuou dessa forma para salvaguardar a saúde financeira da IAAF, que passou a chamar-se World Athletics após a sua saída do cargo.
Porém, Diack não confirmou claramente qualquer ligação entre os casos de doping da Rússia e os grandes pagamentos que ajudaram supostamente a financiar a campanha eleitoral de 2012 no seu país, o Senegal. “Era necessário salvar a saúde financeira (da IAAF) e estava disposto a fazer esse compromisso”, disse Diack, que está acusado de receber 1,5 milhões de dólares do presidente da Federação Russa de Atletismo, Valentin Balakhnitchev, para financiar a referida campanha eleitoral, em troca de atrasar a ação contra os atletas suspeitos.
O acordo teria sido selado em finais de 2011 quando Lamine Diack viajou a Moscovo e foi condecorado pelo então presidente russo, Dmitri Medvedev.
O ex-dirigente está também acusado de procurar subornos num total de 3,45 milhões de euros dos atletas russos para eliminar os seus nomes de uma lista negra de doping e possibilitar assim a sua participação em competições.
Um relatório de 2016 da Comissão Independente da Agência Mundial Antidoping (AMA) que apresentou o caso aos serviços fiscais franceses, alegou que a corrupção estava “incrustada” na IAAF durante a presidência de Diack.
O filho de Lamine Diack, Papa Massata Diack, também está acusado de corrupção mas não compareceu no tribunal de Paris, permanecendo no Senegal, depois de um aviso vermelho emitido em 2016 pela Interpol. Aguarda-se que o julgamento se estenda até o dia 18 deste mês.