Laura Grilo tem 37 anos e é militar da Marinha na Base Naval do Alfeite corre pelo Clube Praças da Armada. Conta com algumas vitórias no seu percurso, a última dela, a S. Silvestre de Almada. Correndo por prazer, valoriza muito as amizades que tem feito nas corridas
Laura Grilo tem 37 anos e nasceu em Lisboa. Muito comunicativa e irradiando grande simpatia, é bem conhecida nas provas da área da Grande Lisboa. É militar da Marinha para onde entrou há 20 anos. “Inscrevi-me às escondidas dos meus pais!”. Está colocada na Base Naval do Alfeite e representa o Clube Praças da Armada.
Começou a correr já dez anos, por brincadeira, em corridas com camaradas e provas das Forças Armadas. A sua primeira prova oficial foi o Corre Jamor na distância de 9 km. “Devo ter gostado para ter continuado”.
Atualmente, treina seis vezes por semana, habitualmente às 6 horas da manhã e dentro da Base Naval do Alfeite, onde está colocada. Não tem treinador e corre sem um plano de treinos.
Participa em média em 24 provas por ano e elege a S. Silvestre da Amadora e a Corrida do 1º de Maio como as suas provas preferidas. Já as provas na pista são aquelas, que menos lhe agradam.
“Corro há dez anos é pouco tempo, mas sinto cada vez mais o lado comercial”
Campeã regional de pista, corta-mato e estrada
Já se sagrou campeã regional de pista, corta-mato e estrada. A meia maratona é a sua distância preferida e já se estreou nos 42.195 metros. Foi em Sevilha e adorou a experiência. Correu ainda a última edição do Raid Melides-Troia onde obteve um excelente segundo lugar. Os seus recordes pessoais são 1h25m à meia maratona e 38 minutos aos 10 km.
Quanto a trails, ainda não participou em muitos. Mas já lhe deu para perceber que a grande diferença relativamente às provas de estrada reside na muita técnica necessária, que ainda não tem, principalmente nas descidas.
“Penso correr até ao dia que perca a capacidade de sorrir ao atravessar uma meta!”
Triunfo na Corrida do 25 Abril: momento mais marcante da sua carreira desportiva
Para Laura, todas as provas “me marcam e me definem de alguma maneira”. Mas lembra-se particularmente da prova do 25 de Abril onde venceu “sem acreditar que seria possível tal coisa acontecer”.
Correr faz parte do presente e fará parte do futuro de Laura. Pensa correr até ao dia que perca a capacidade de sorrir ao atravessar uma meta, continuar a participar por prazer. E se não estivesse no atletismo, a dança seria a sua atividade preferida.
Não dispensa os exames médicos de rotina e não tem sido visitada pelas lesões. Quanto à alimentação, só se preocupa mais seriamente na véspera das provas.
“O atletismo é um desporto que une qualquer classe, sexo ou idade, pois é alcançável a todos”
Diferenças do atletismo federado e do amador
Laura vê o futuro da modalidade de forma diferente, a nível federado e amador. “Na Federação, vejo infelizmente um futuro com poucos apoios, mas no atletismo amador, vejo um desporto que tem garra e vontade, que vai desde o jovem ao veterano. Um desporto que une qualquer classe, sexo ou idade, pois é alcançável a todos”.
Diferenças no espaço de dez anos
Apesar da nossa entrevistada ter começado a correr há dez anos, já encontra diferenças comparando com os dias de hoje. “Dez anos é pouco tempo, mas sinto cada vez mais o lado comercial, onde o atleta procura cada vez mais novos produtos e tecnologias em equipamentos, de forma a superar o seu recorde pessoal”
Quanto a sugestões para uma melhor organização das provas, Laura recomenda às Organizações o cumprimento do regulamento do início ao fim. O que inclui pagamento de prémios atempadamente. Ainda a inclusão de todos os participantes (meta volante, prémios por equipas, etc).
“Nestes últimos dez anos, posso dizer que fiz grandes amizades onde tudo se iniciou com o culto mútuo da corrida”
Corridas terapêuticas
Laura valoriza muito a igualdade que encontra no mundo das corridas. E as amizades. “Nestes últimos dez anos, posso dizer que fiz grandes amizades onde tudo se iniciou com o culto mútuo da corrida. Em muitas delas, eu autointitulo corridas terapêuticas”.
Respeitada na Marinha
Laura é militar numa carreira onde os homens estão em grande maioria. Como é que eles a veem, como colega e atleta? “Há carinho por eu correr. Represento a marinha, estou lá há 20 anos. Como sou radarista, embarco muitas vezes e, independentemente de ser atleta, de ser mãe, nunca falhei com a escala de embarque. Se nós cumprirmos, somos respeitadas”.
Correr grávida sem o saber
Laura lembra-se de uma estória passada com a sua gravidez. “Fui a uma corrida e no final, à massagem. Ao massajar-me, a massagista perguntou-me se estava grávida. Disse-lhe que não. Fiz depois a Corrida da Marinha e acompanhei a Katarina Larsson até aos 7 km. Depois, descolei e tinha muita sede, estranhei. Mais tarde, tive tonturas num treino. A colega com quem ia, aconselhou-me a fazer o teste da gravidez. E estava mesmo grávida! Fiz competição até aos 3 meses, continuei depois até aos 5 meses mas mais na desportiva. A Corrida do Avante foi a então a última prova que corri grávida”.
É preciso mexer-se!
Mãe, militar e atleta, Laura ainda consegue ter tempo para estudar. Está neste momento a fazer o curso de Desporto no Instituto Piaget, agora a estagiar na Câmara Municipal de Almada. A terminar, Laura quis deixar uma mensagem: “Aprendam a perceber que, seja qual for a atividade desportiva, encontram os escapes da loucura ou tédio do dia a dia. Mexam-se e sejam felizes”.