A nova (e folgada) vitória da britânica Laura Muir terá sido o ponto alto do último dia do Europeu de Glasgow, tanto mais que se seguiu imediatamente à derrota do júnior norueguês Jakob Ingebrigtsen, que tentava igualmente juntar o título de 1500 m ao de 3000 m da véspera. Mas a sensação dos campeonatos veio dos polacos, que somaram nada menos de cinco títulos, dois dos quais neste domingo, precisamente nos 1500 m (Marcin Lewandowski à frente de Ingebrigtsen) e nos 4×400 m femininos, última corrida dos campeonatos. Somaram ainda duas medalhas de prata. A Grã-Bretanha ganhou nada menos de 12 medalhas (4O+6P+2B) e a Espanha surpreendeu muito agradavelmente, com três títulos e seis medalhas (3+2+1).
Vejamos como decorreram as finais do último dia, exceto as do triplo, que abordámos no rescaldo da atuação portuguesa de hoje.
800 m (M): Medalha de bronze há dois anos, o espanhol Álvaro de Arriba chegou ao ouro, com boa vantagem (1.46,83-1.47,13) sobre o britânico Jamie Webb, que bateu o recorde pessoal. O irlandês Mark English completou o pódio, com 1.47,39.
1500 m (M): O norueguês Jakob Ingebrigtsen falhou a dupla, depois de ganhar os 3000 m. O polaco Marcin Lewandowski, já campeão em 2015 e 2017, ganhou pela terceira vez, depois de fazer marcação ao norueguês ao longo de toda a prova, fugindo ainda antes da última volta. Ganhou com 3.42,85, contra 3.43,23 de Ingebrigtsen e 3.44,39 do surpreendente espanhol Jesus Gomez.
60 m barreiras (M): Não seria o principal favorito mas o cipriota Milan Trajkovic, com 7,60, derrotou os franceses Pascal Martinot-Lagarde (7,61) e Aurel Manga (7,63) e o espanhol Orlando Ortega, detentor da melhor marca do ano (7,49) mas apenas quarto com 7,64.
Comprimento (M): Sensacional o jovem (a dias de completar 21 anos) grego Miltiadis Tentoglu, que no 5º ensaio chegou a 8,38, recorde nacional e melhor marca mundial do ano, confirmando o título europeu de ar livre no ano passado. Ultrapassou o sueco Thobias Montler, que tinha 8,17 no 2º ensaio (recorde pessoal). O sérvio Strahinja Jovancevic também bateu o recorde nacional, com 8,03 no 5º ensaio, relegando o espanhol Eusébio Cáceres (7,98 no único ensaio válido!) para fora do pódio.
Heptatlo (M): Segunda vitória espanhola da tarde, agora através de Jorge Ureña, que já liderava antes dos 1000 m finais e ganhou destacado esta prova, somando 6218 pontos (melhor marca mundial do ano), contra 6156 do britânico Tim Duckworth e 6145 do russo Ilya Shkurenyov.
4×400 m (M): A Bélgica, com os três irmãos Borlée, conseguiu o título, após grande despique com a Espanha, que obteve recorde nacional (3.06,27-3.06,32). A França completou o pódio (3.07,71).
800 m (F): Prova algo lenta e que terminou com uma vitória incontestável da britânica Shelayne Oskan-Clarke, que chegou finalmente ao ouro, depois da prata no Europeu de 2017 e do bronze no Mundial de 2018. Gastou 2.02,58, contra 2.03,00 da francesa Renelle Lamote, também segunda nos dois últimos Europeus de ar livre, e 2.03,24 da ucraniana Olha Lyakhova, também terceira no Europeu de ar livre de 2018.
1500 m (F): Aquilo que Ingebrigtsen não conseguiu, foi obtido pela britânica Laura Muir que assim repetiu a dupla vitória nos 1500 e 3000 m de 2017. Ganhou em 4.05,92, com mais de três segundos de vantagem (!), sobre a polaca Sofia Ennaoui (4.09,30) e sobre a irlandesa Ciara Mageean (4.09,43).
60 m barreiras (F): Vitória clara (10 centésimos!) da holandesa Nadine Visser, que alcançou a melhor marca europeia do ano (7,87). Completaram o pódio a alemã Cindy Rolerder, com 7,97, e a bielorussa Elvira Herman, com 8,00.
Altura (F): Vitória natural da russa Mariya Lasiskene, que “limpou” sempre até 1,99 e passou 2,01 à segunda tentativa, antes de procurar a melhor marca do ano, a 2,05, sem êxito. Já soma quatro títulos mundiais (dois de ar livre e dois de pista coberta) e três europeus (um mais dois) desde 2014. A Ucrânia meteu três atletas entre as cinco primeiras, com destaque para Yuliya Levchenko, segunda com 1,99. A lituana Airine Palsyte fechou o pódio, com 1,97.
Vara (F): A russa Anzhelika Sidorova, campeã europeia de pista coberta em 2015 (e de ar livre em 2014), repetiu o título, quatro anos depois, confirmando o favoritismo com passagens sempre à primeira (4,55-4,75-4,80-4,85) e tentando depois 4,92, que seria melhor marca mundial do ano, que ela detém com 4,91. A britânica Holly Bradshaw foi segunda, com 4,75 e a grega Nikoleta Kiriakopoulou fechou o pódio com 4,65, altura que passaram nada menos de cinco atletas, entre as quais a grega Ekaterini Stefanidi, apenas quarta classificada.
Comprimento (F): Prova muito disputada entre a bielorrussa Nastassia Mironchyk-Ivanova, que abriu com 6,93 (recorde pessoal), e a sérvia Ivana Spanovic, que no 5º ensaio conseguiu a melhor marca mundial do ano, com 6,99, garantindo o título, depois de se ter sagrado campeã mundial (de pista coberta) em 2018. A ucraniana Maryna Bekh-Romanchuk, com 6,84, deixou fora do pódio a líder mundial do ano (com 6,99) a alemã Malaika Mihambo, que se ficou pelos 6,83.
Peso (F): Um só centímetro separou as duas primeiras. A alemã Christina Schwanitz, campeã mundial de ar livre em 2015 e líder mundial do ano (com 19,54), chegou a 19,11 no 3º ensaio mas foi ultrapassada pela búlgara Radoslava Mavrodieva, com um recorde pessoal de 19,12 – uma surpresa. A húngara Anita Marton fechou o pódio com 19,00.
4×400 m (F): Luta entre Polónia, vencedora (3.28,77) – que esteve sempre na liderança – e Grã-Bretanha (3.29,55), com a Itália distante terceira (3.31,90).