O jornal francês Le Monde, em parceira com a televisão alemã ARD, fez uma investigação que concluiu que altos responsáveis da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAFF) terão prometido proteção total a atletas russos que tenham recorrido ao doping, em troca de pagamentos monetários.
O Le Monde conta que em 2011, seis atletas russos terão pago entre 300.000 e 700.000 euros em troca de proteção, de forma a não falharem os Jogos Olímpicos Londres2012.
Alegadamente, um dos envolvidos era o filho de Lamine Diack, antigo presidente da IAAF. O senegalês Papa Diack Massata terá pedido subornos a estes atletas.
“E concordou em pagar em parcelas de 450 000 € … em troca de uma promessa, os dados hematológicos anormais gravados no seu passaporte biológico não valeriam sanções.” é possível ler no artigo do Le Monde.
Este é o caso de Liliya Shobukhova, uma corredora de longa distância que, em 2011, conquistou o título de segunda mulher mais rápida do mundo, ao acabar a Maratona de Chicago em 2 horas, 18 minutos e 20 segundos. Foi suspensa pela Federação Russa de Atletismo em abril de 2014, no entanto, no ano seguinte, a agência mundial antidoping anunciou a redução da sua pena por colaborar nas investigações feitas pela agência.
Ioulia Zaripova, medalhada de ouro nos 3.000 metros obstáculos também foi uma das delatoras do sistema russo de doping. Esta semana perdeu a sua medalha de ouro em Londres2012 como sanção do Comité Olímpico Internacional.
Também os marchadores Vladimir Kanaykin, Valery Borchin (medalha de ouro em Pequim2008), Olga Kaniskina (medalha de ouro em Pequim2008 e prata em Londres2012) e Sergey Kirdyapkin (medalha de ouro em Londres2012) terão sido forçados a estes pagamentos.
A lista de atletas que terão subornado em troca de “passaportes biológicos” limpos poderá chegar aos 23 atletas.
Esta investigação envolve emails trocados entre altos-comissários da IAAF, responsáveis da Federação de Atletismo Russa e atletas.
Já em Janeiro, Papa Massata Diack, filho do ex-presidente da IAA, Valentin Balakhnichev, o tesoureiro (em 2014) e antigo presidente da federação russa de atletismo, e Alexei Melnikov, um antigo técnico da equipa de marcha da Rússia, foram afastados para a vida do atletismo. Já o ex-diretor antidoping da Federação Internacional Gabriel Dollé foi proibido durante cinco anos.