A sessão da tarde do primeiro dia do Campeonato da Europa de pista coberta, em Belgrado, ficou marcada, no que aos portugueses diz respeito, pelo 7º lugar de Lecabela Quaresma no pentatlo, a 29 pontos do seu recorde pessoal, e pela passagem à final do triplo por parte de Nelson Évora, que chegou aos 16,79 no segundo ensaio (a sua melhor marca da época), sendo um dos nove finalistas para domingo.
Lecabela Quaresma melhorou os recordes pessoais em três das cinco provas do pentatlo, mas deitou tudo a perder no comprimento, prova na qual perdeu nada menos de 73 pontos. Acabou por somar bem honrosos 4444 pontos, a 29 pontos da marca de há duas semanas, no Campeonato de França. Lecabela melhorou nos 60 m barreiras de 8,54s para 8,52; na altura de 1,76m para 1,78; e nos 800 m de 2.17,60 para 2.16,49. No peso, ficou a escassos quatro centímetros dos anteriores 14,29m (o que lhe custou apenas dois pontos) mas no comprimento, com 5,82m, ficou longe dos 6,06 que tinha. O 7º lugar (perdeu uma posição nos 800 m finais) é uma muito boa classificação, em estreia a este nível de competição.
No triplo, a qualificação foi fixada em 16,60m, marca demasiado acessível, o que levou a que a final venha a ter nove concorrentes, mais que os oito previstos. Logo no 1º ensaio, houve cinco atletas automaticamente apurados, com destaque para o alemão Max Hess, que chegou aos 17,52, melhor marca mundial do ano e que o torna no principal favorito para a final de domingo (15.04 h portuguesas), e para o francês Melvin Raffin, que obteve 17,20. Nelson Évora, que abriu com 16,47, resolveu a questão no segundo ensaio, com 16,79, marca que o colocou em 5º lugar na qualificação. Mantém naturais aspirações a chegar ao pódio, embora pareça difícil a repetição do título de há dois anos.
Eis os nove finalistas com os seus recordes pessoais (antes desta prova) e as melhores marcas deste ano:
1º Max Hess | ALE | 17,52 | (17,14) | (16,71) |
2º Melvin Raffin | FRA | 17,20 | (17,04) | (17,04) |
3º Jean-Marc Pontvianne | FRA | 16,93 | 17,13 | 17,13 |
4º Elvijs Misans | LET | 16,81 | (16,77) | (16,77) |
5º Nelson Évora | POR | 16,79 | 17,33 | (16,75) |
6º Pablo Torrijos | ESP | 16,77 | 17,04 | (16,70) |
7º Georgi Tsonov | BUL | 16,73 | 16,75 | (-) |
8º Fabrizio Donato | ITA | 16,70 | 17,73 | (-) |
9º Simo Lipsanen | FIN | 16,69 | 16,76 | 16,76 |
Emanuel Rolim foi o último português em ação neste primeiro dia. Foi 3º na sua série de 1500 metros, com 3.46,96, marca que o coloca como primeiro dos eliminados (10º tempo no conjunto). Esta segunda das três séries ficou marcada pela hesitação inicial de dois atletas, que, face a um ruído que se ouviu pouco depois da partida, pensaram que esta fora anulada e quase pararam, acabando por não mais recuperar (e um deles, o espanhol Alcalá, era um dos candidatos a medalha). Rolim andou sempre no grupo da frente, apenas se atrasando a duas voltas do fim, mas conseguindo, na parte final, garantir a 3ª posição. Depois, teve que esperar pela terceira e última série – normalmente a mais rápida – para saber se seria ou não apurado para a final deste sábado (19.18 h portuguesas). Para além dos dois primeiros, apurados automaticamente, passaram à final os três seguintes, por tempos. A vantagem de calhar na última série…
Cinco finais
Das cinco finais do 1º dia, destaque para a vara masculina, com nada menos de seis atletas a 5,80m ou mais. No final, o polaco Piotr Lisek ganhou ao passar 5,85 à primeira, derrotando o grego Konstadinos Filippidis (5,85 à segunda – recorde nacional) e outro polaco, Pawel Wojciechowski (5,85 à terceira).
Grande superioridade da húngara Anita Marton, que fez os cinco melhores lançamentos da tarde, com destaque para a melhor marca mundial do ano (19,28m) e ainda para anteriores 19,24 e 18,96. Ganhou com quase um metro de vantagem sobre a búlgara Radoslava Mavrodieva (18,36).
Apesar dos seus fracos 800 metros finais (fez a penúltima marca), a belga Nafissatou Thiam ganhou o pentatlo com a melhor marca mundial do ano (4870 p.), 103 pontos à frente da austríaca Ivona Dadic, que lhe ganhou mais de 10 segundos nos 800 m, recuperando nada menos de 141 pontos!
A fechar a jornada, o britânico Andy Pozzi ganhou uma cerrada final de 60 m barreiras, com 7,51m, menos um centésimo que o francês Pascal Martinot-Lagarde. Já a alemã Cindy Roleder ganhou destacada (quatro centésimos) a prova feminina, em 7,88m.