A polémica decisão do Benfica em estar ausente do Nacional de Pista Coberta a disputar-se este fim de semana no Pombal, continua a merecer vários comentários. Depois do artigo escrito por Arons de Carvalho “Benfica sem marchadores pode explicar ausência no Nacional” (https://revistaatletismo.com/wp-admin/post.php?post=35706&action=edit), três leitores exprimiram a sua opinião acerca do artigo de Arons, da posição do Benfica e das suas críticas à Federação Portuguesa de Atletismo.
Dado o interesse do tema, deixamos aqui os três comentários.
Arlindo Macedo
Abaixo do excelente nível que nos tem habituado, focando-se em pormenores insignificantes e não desenvolvendo, deixando passar impune de críticas o que está verdadeiramente a afetar negativamente a modalidade que são as sucessivas e absurdas decisões da Federação em alterar regulamentos, procedimentos, modelos competitivos, regras de competição, quadros competitivos… sempre em cima da hora, durante os eventos e até mesmo após os eventos e ainda por cima sem sequer justificarem de forma clara, lúcida e inequívoca a razão dessas alterações. Todas essas decisões não atempadas e não justificadas ou mal justificadas têm sido aberrantes (já existiam antes mas foram acentuadas pelo contexto pandémico, pelos vistos o corona afeta as capacidades dos vários responsáveis federativos) e prejudicam não só o Benfica mas sim todos os atletas, clubes e demais agentes da modalidade e colocam em causa a própria verdade desportiva e a credibilidade da Federação e da própria modalidade. Já seria tempo da Federação se tornar competente e clara pelo bem da nossa modalidade. Por este andar teremos mais tarde ou mais cedo outro FC Porto a desistir da modalidade (que encerrou a secção em protesto por culpa do timing em que a Federação alterou os regulamentos em matéria de estrangeiros – a Federação só percebeu que é prejudicial os clubes comprarem estrangeiros após o FC Porto derrotar o Sporting com recurso a esse método?). Se a Federação passasse a ser competente, clara, coerente e a tomar as decisões nos momentos adequados muitas frustrações e até mesmo algumas desistências teriam sido evitadas. Ainda que haja quem não tenha capacidade de entender isso, o timing em que as decisões federativas são tomadas é importantíssimo e quanto mais tardiamente forem tomadas as decisões mais provável é de lhes serem colados rótulos de terem sido feitas à medida do interesse de alguém. Ainda que sejam apenas incompetência e não algo intencional, é a isso que acaba por soar principalmente aos clubes grandes que se sentem afetados por essas decisões causando grande frustração e revolta. Os problemas não se resumem a este. Todos nós sabemos o que tem acontecido em matéria de:
– Transferências irregulares de atletas fora do período definido;
– Não divulgação pública e a uma só voz das transferências por parte da FPA (havendo até atletas que nem chegam a constar nas listas de transferências das próprias Associações Regionais e até mesmo Associações Regionais que nem as divulgam publicamente nunca);
-Alterações que afetam as competições feitas pouco antes, durante e até mesmo após os eventos;
-Alterações competitivas absurdas, injustificáveis e injustificadas, como chegou a ser a retirada de todos os desempates dos concursos (em vez de retirarem apenas a última forma de desempatar) e a alteração das provas que compõem os campeonatos;
-Clubes que utilizam nomes falsos até mesmo nos próprios campeonatos nacionais de clubes (diferentes dos quais estão filiados na Plataforma Lince);
-Atletas que competem por clubes diferentes conforme seja trail ou estrada/pista/cross (para quem não sabe o trail não é uma modalidade, é uma disciplina que pertence à modalidade de atletismo devidamente regulamentada e incluída na definição de Atletismo pela World Athletics juntamente com Provas de Pista, Concursos, Corridas de Estrada, Marcha Atlética, Corridas de Corta-Mato e Corridas de Montanha).
Nuno
Fala-se em clubes, aparecem os mega-comentários.
A edição deste ano é uma fantochada (já a de pista o fora, com atletas em locais diferentes a competirem entre si ??), se não existia meio de fazer a fase de apuramento, que participassem os melhores classificados na época transacta, e fazia-se uma I divisão e II divisão.
Posto isto, estranha-se a postura do Benfica por duas razões: o modelo de 16 equipas tudo ao monte, já estava previsto, e semanas antes, houve um CP onde não existiram questões sanitárias. Que o Benfica não concorde com o modelo adoptado, com o desenrascanço, com as mudanças, tudo bem, daí a retirarem-se de competição e puxarem a covid, vai um longo salto.
As competições por equipas valem pouco (os adeptos é que ligam a estes despiques), têm tendência a acabar, e os melhores atletas fazem frete. Mais vale assumir e acabar com isto, ao invés de estar constantemente a não apresentar equipas a competição pelos mais variados motivos.
Francisco Sardinha
Mesmo com todos esses inconvenientes e manchas de parte da FPA, o seu presidente acaba de ser reeleito…qualquer coisa aqui então, no mínimo muito absurda!!!
Algo que passou um pouco ao lado, mas a par da desistência de clubes mencionada pelo Arlindo, é a desistência de atletas. Percebo as dificuldades dos clubes, mas ver clubes como SLB e SCP a desinvestirem fortemente, parece estar a levar ao abandono de atletas de topo nacional: os casos dos marchadores do SLB, a confirmar-se, é muito mau pois estes atletas eram os melhores valores para substituir o futuro vazio da, cada vez mais próxima, retirada do Sérgio Vieira. A acrescentar a isto, o sector da marcha já não é uma “família”, como o foi no passado: exemplo disso é uma publicação na página pessoal no FB do Sérgio Vieira, em que o atleta diz ter tido conhecimento, indirectamente, da realização de uma prova de preparação depois da mesma já ter acontecido.