Um dos rostos mais emblemáticos da ascensão da China à condição de superpotência desportiva foi o de Liu Xiang, protagonista de um feito sem precedentes nos Jogos Olímpicos de Atenas 2004. A sua vitória nos 110 m barreiras foi o primeiro ouro masculino do país na história olímpica do atletismo.
O ouro na Grécia projetou Liu Xiang à condição da maior vedeta do seu país nos Jogos Olímpicos de Pequim, quatro anos depois. A grande expectativa dos adeptos chineses acabou frustrada em 2008, quando o velocista abandonou a disputa ainda nas eliminatórias, devido a uma inflamação no tendão de Aquiles. A lesão acabaria por precipitar o fim da sua carreira, mas nada que apagasse o brilho atingido em Atenas.
Na cidade que foi berço dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, Liu Xiang deixou o mundo estupefato com a sua performance. Nas eliminatórias, venceu sem dificuldade enquanto o americano Allen Johnson, campeão olímpico em Atlanta 1996, tropeçava e era eliminado.
O caminho ficou aberto para o ouro. Na final, Liu Xiang ganhou com folga, deixando o americano Terrence Tramell, segundo classificado, a quase três décimos de segundo. O seu tempo corrigido foi de 12,91 s, igualando o recorde mundial e estabelecendo novo recorde olímpico.
Comandada por Liu Xiang, a China ocupou o segundo lugar que historicamente, era da Rússia no quadro geral de medalhas, ficando muito próxima dos Estados Unidos no número de ouros: 36 a 32. Em Pequim 2008, os chineses terminariam os Jogos com mais ouros que os americanos, 48 a 36. Foi a primeira vez que a delegação dos EUA ficou fora do topo do quadro das medalhas desde Barcelona 1992, quando a Comunidade de Estados Independentes, formada pelas repúblicas da antiga União Soviética, liderou a contagem.