Mafalda Moniz tem 38 anos e é atleta do CF Os Belenenses. Estreou-se no mundo das corridas há oito anos na Mini da Ponte 25 de Abril. Nunca mais parou e tem a paixão pelo trail e natureza. O seu momento marcante desportivo foi o triunfo na Taça de Portugal de Skyrunning – Sky em 2022.
Mafalda Moniz tem 38 anos e é natural de Viseu. Engenheira Informática, teve sempre a paixão pelo desporto. Mas o atletismo surgiu na sua vida há oito anos quando foi desafiada por amigos a participar na Mini Maratona da Ponte 25 de Abril. “Não queria dar parte de fraca, então decidi começar a treinar. Foi assim que a corrida entrou na minha vida”.
“Cada trilho é uma nova aventura, uma nova oportunidade de me ligar com a natureza. Nos trilhos, encontrei a minha verdadeira felicidade”
Da estrada aos trilhos
Foi rápida a passagem da estrada para o trail. “Rapidamente descobri os trilhos e foi amor à primeira vista. A sensação de correr no meio de paisagens naturais, com o som dos pássaros, o cheiro da terra molhada e a vista deslumbrante das montanhas e florestas, é simplesmente indescritível. Cada trilho é uma nova aventura, uma nova oportunidade de me ligar com a natureza. Nos trilhos, encontrei a minha verdadeira felicidade”.

Mafalda representa atualmente o CF Os Belenenses e corre em média, 20 a 30 provas por ano. A sua distância preferida vai até aos 25 quilómetros. Tem treinador e corre com um plano de treinos. Treina todos os dias, boa parte deles sozinha.
“Quando algo me impede de correr, sem ser por minha escolha, sinto tristeza, como se o meu dia ficasse incompleto”
Prioritário ter tempo para treinar
Para Mafalda, treinar é uma prioridade na sua vida. “A corrida não só me mantém em forma, como também é o meu refúgio, o meu momento de paz e introspeção. Cada corrida é uma oportunidade de me reconetar comigo mesma, de sentir o meu corpo em harmonia com a natureza. Por isso, faço questão de arranjar sempre tempo para correr, seja de manhã cedo, com o nascer do sol, ou ao final do dia, quando o mundo começa a desacelerar e a tranquilidade se instala. Quando algo me impede de correr, sem ser por minha escolha, sinto tristeza, como se o meu dia ficasse incompleto”.
A importância da sua primeira corrida na Ponte 25 de Abril
Como já referimos anteriormente, Mafalda estreou-se no mundo das corridas na Mini da Ponte 25 de Abril. Foi um momento muito especial para ela. “Lembro-me da emoção de estar ali, rodeada de outros corredores, sentindo uma energia vibrante no ar. Quando cruzei a linha da meta, senti uma explosão de alegria e realização. Foi uma experiência curta, mas intensa, que despertou em mim, uma vontade imensa de ir mais longe, de desafiar os meus limites e explorar novas distâncias. A partir daquele momento, senti que a corrida faria parte da minha vida para sempre!
“A Maratona do Mont-Blanc não foi apenas uma corrida, foi uma jornada mística que reforçou o meu amor pela corrida e pela natureza. A repetir!”

Maratona de Mont-Blanc com recordações inesquecíveis
Mafalda elege a Maratona de Mont-Blanc como a sua prova preferida. “Desde o momento em que cheguei, senti a mística do local e a energia única do evento. As montanhas imponentes pareciam sussurrar histórias antigas de coragem e perseverança. Correr por aqueles trilhos deslumbrantes, rodeada pela grandiosidade da natureza, foi uma experiência transcendente”.
A prova foi tão especial que Mafalda quer lá voltar. As razões são muitas: “O ambiente foi perfeito para alimentar a minha paixão pela corrida. A camaradagem entre os corredores, o apoio dos espetadores e a beleza avassaladora das paisagens alpinas, criaram uma atmosfera mágica. Quando cruzei a linha da meta, senti uma onda de emoção e gratidão. A Maratona do Mont-Blanc não foi apenas uma corrida, foi uma jornada mística que reforçou o meu amor pela corrida e pela natureza. A repetir!”
“Cada corrida é uma oportunidade de me reconetar comigo mesma, de sentir o meu corpo em harmonia com a natureza”
Menos agradável correr com calor excessivo no Algarve
Já a prova que lhe deixou recordações menos agradáveis foi a última edição do UTRP, na freguesia de Salir (Algarve). Não pela sua organização mas pelo calor. “Tinha feito aquela prova imensos anos seguidos, mas em 2023, o calor estava insuportável. Nos outros anos, o calor já era um desafio, mas aquele ano foi terrível. Lido muito mal com temperaturas elevadas e, durante a prova, senti uma vontade enorme de desistir. Cada passo, parecia uma batalha contra o sol escaldante e o meu próprio corpo. No entanto, apesar de tudo, consegui reunir forças e cruzar a linha da meta. Foi uma experiência exaustiva, mas também uma prova de resiliência”.

“ Cada trilho é uma nova aventura, cheia de desafios e belezas naturais para explorar”
Experiência única nos Açores
Mafalda procura seguir a regra de uma prova de três em três semanas (no mínimo)! Entre a estrada e o trail, não hesita.“Trail. Porque correr em trilhos proporciona-me uma ligação única com a natureza e uma sensação de liberdade que é difícil encontrar noutros lugares. Cada trilho é uma nova aventura, cheia de desafios e belezas naturais para explorar”.
Mafalda já correu maratonas mas sobretudo em trail. A primeira delas foi o Triangle Adventure em 2017. Foram 3 etapas em 3 ilhas diferentes, uma no Pico, outra nas Fajãs e a última no Faial. “Foi uma experiência incrível, uma vez que foi a primeira vez que estive no arquipélago dos Açores. A beleza selvagem e intocada da ilha, com paisagens deslumbrantes e trilhos desafiadores, tornou a corrida inesquecível. A sensação de correr num lugar tão mágico foi verdadeiramente única. Foi um momento único para desfrutar de toda a paisagem natural e sentir-me em perfeita harmonia com o mundo ao meu redor”.
“Gostaria de expressar a minha gratidão a todos aqueles que me rodeiam e que, dia após dia, me incentivam a ser cada vez melhor”
Momento marcante na vitória da Taça de Portugal de Skyrunning – Sky em 2022
Mafalda elege a sua vitória na Taça de Portugal de Skyrunning – Sky em 2022 como o momento mais marcante da sua carreira desportiva. “Este feito memorável representa uma conquista extraordinária para mim. Apesar do skyrunning não ser a minha modalidade de eleição, e de sentir uma paixão mais profunda pelo trail running, dediquei-me de corpo e alma a esta vitória”.
Ela não esquece aqueles que a têm ajudado: “Gostaria de expressar a minha gratidão a todos aqueles que me rodeiam e que, dia após dia, me incentivam a ser cada vez melhor. Sem o apoio incondicional e a motivação constante dessas pessoas especiais, este triunfo não teria sido possível”.
“A corrida é mais do que um desporto para mim, é uma fonte inesgotável de alegria e motivação”
Difícil lidar com as lesões

Quanto a lesões, já foi visitada por elas como a maioria dos atletas. “Cada mazela é um desafio, uma batalha contra a deceção de não poder fazer o que amo. Tento ultrapassar da melhor maneira possível, focando-me na recuperação e mantendo a esperança viva. Nem sempre é fácil ficar privada da corrida, mas a força de vontade e a resiliência permitem-me lutar contra as adversidades que vou enfrentando. Cada obstáculo superado reforça o meu amor pela corrida e a minha determinação de continuar a perseguir os meus sonhos”.
Não dispensa os exames médicos de rotina e tem os devidos cuidados com a alimentação. “Tenho uma alimentação equilibrada! Sem restrições, mas saudável!”
Hóquei em patins, modalidade alternativa
Pensa correr até onde o corpo e a vontade permitirem. “Neste momento, sinto uma paixão avassaladora por aquilo que faço, e isso impulsiona-me a continuar. A corrida é mais do que um desporto para mim, é uma fonte inesgotável de alegria e motivação.
E se não estivesse no atletismo, que modalidade gostaria de ter seguido? Mafalda escolhe uma modalidade coletiva, o hóquei em patins.
“É a combinação de lugares espetaculares e pessoas inspiradoras que torna este mundo tão especial para mim!”
Locais e pessoas no mundo das corridas

No mundo das corridas, Mafalda aprecia particularmente “os sítios magníficos que já conheci e as pessoas incríveis com quem partilho a mesma paixão. No fundo é a combinação de lugares espetaculares e pessoas inspiradoras que torna este mundo tão especial para mim!”
Projetos futuros na modalidade
Mafalda correu no passado domingo a última prova do circuito Merrell Trail Running Series (Trail Curto). O primeiro lugar na meta garantiu-lhe o acesso a umas das provas no USM (Ultra SkyRunning Madeira) entre 13 e 14 de junho.
Não faltam projetos a Mafalda. Um deles é já no próximo 3 de julho, na prova PDA (Peades d’Aigua) em Val d’Aran, nos Pirineus (55 km de percurso, 3.300 metros de desnível positivo e 3.700 metros de desnível negativo). “Só de pensar nas paisagens maravilhosas e nos trilhos desafiadores, sinto um arrepio de excitação”.
A prova é uma major de qualificação para o UTMB, e Mafalda ambiciona reunir as melhores condições para alcançar o melhor resultado possível. “Sonho em conquistar a qualificação para a prova OCC do UTMB. Para me qualificar para o UTMB, é necessário acumular Running Stones, que podem ser obtidas ao completar provas da UTMB World Series, como a PDA. Cada Running Stone aumenta as minhas oportunidades de ser sorteada para participar no UTMB, e as majors oferecem o dobro de Running Stones”.

A possibilidade de poder correr ao lado dos melhores atletas do mundo, num dos eventos mais prestigiados do trail running, “enche-me de determinação e entusiasmo. Estou pronta para dar o meu melhor e transformar este sonho em realidade”.
Quando foi premiada pelo triunfo no Circuito Lisboa Trail By Buff
Não faltam estórias a Mafalda. Esta passou-se em 2017, quando ganhou o Circuito Lisboa Trail By Buff e foi premiada com a participação na prestigiada prova internacional BUFF EPIC TRAIL 2017 (21K), em Vall de Boi, Espanha, prova que faz parte do Garmin Mountain Festival e atrai corredores de todo o mundo. “A prova de 21 km inclui um desnível positivo de aproximadamente 1.700 metros, levando os participantes por trilhos montanhosos espetaculares e paisagens deslumbrantes do Parque Nacional de Aigüestortes e Estany de Sant Maurici. Foi a minha primeira experiência de trail fora de Portugal, e fiquei maravilhada não apenas pelo desafio, mas também pelas paisagens deslumbrantes que encontrei”.