O americano Jim Hines foi o primeiro a quebrar a barreira dos 10s. Ele próprio nunca voltaria a repetir a façanha, mas a porta estava aberta para que mais de uma centena de outros atletas o fizessem nas gerações seguintes. Quase 50 anos depois daquela final olímpica de 1968, os cronómetros em todo o mundo registaram 846 vezes tempos na casa dos nove segundos. Uma evolução notória e exponencial década a década, como se vê no gráfico abaixo.
O último ano em que nenhum atleta cobriu a distância em menos de 10 segundos foi 1986. Desde então em todas as temporadas, pelo menos um velocista foi rápido o bastante para fazê-lo. O crescimento constante acelerou-se nos anos 1990, tendo o seu ápice em 2015. No ano do Mundial de Pequim, a marca simbólica foi batida por 91 vezes.
27 atletas de 11 países correram 100m abaixo de 10s em 2015
O maior número de resultados na casa dos 9 segundos reflete não só a maior quantidade de oportunidades em que foram alcançados, mas também o aumento do número de atletas capazes de voar na pista. Se Jim Hines e Silvio Leonard foram pioneiros solitários nas décadas de 60 e 70, respectivamente, nos anos 80 Carl Lewis dominava, mas já enfrentava concorrência. Nos anos 1990 as provas de velocidade tornaram-se ainda mais democráticas, e atualmente, há pelo menos duas dezenas de corredores que constantemente chegam lá.
25 atletas romperam a barreira dos 10s em 2016
Isto significa que os atletas de hoje são melhores do que os do passado? Comparar gerações é sempre uma missão ingrata, mas é um facto que os velocistas têm agora mais recursos para se preparar adequadamente para o evento.
1 – A análise de dados permite treinos mais eficientes
2 – A prevenção e o tratamento de lesões são mais eficazes
3 – A tecnologia revolucionou pistas, sapatilhas e uniformes
Manter este alto nível, não é fácil no entanto. Quase metade dos corredores que bateram a barreira dos 10 segundos – a começar pelo precursor Hines – não foram capazes de repetir a marca uma vez sequer. Por outro lado, há aqueles que conseguem facilmente baixar desta marca. Asafa Powell, Justin Gatlin, Maurice Greene, Mike Rodgers, Tyson Gay e Usain Bolt, romperam esse limite imaginário mais de 30 vezes cada.
118 atletas correram abaixo dos 10s, mas 48 só o fizeram uma vez
Ver nomes americanos e jamaicanos na lista, é recorrente. Mas nem o recente domínio na prova por Usain Bolt, deixa a Jamaica em condições de igualdade com os EUA na lista quando se fala em fartura de atletas velozes ao longo da história. Os EUA têm 46 corredores na casa dos 9 segundos contra “apenas” 15 da Jamaica.