Centenas de atletas manifestaram-se na segunda-feira na cidade de Iten protestando contra o aumento dos casos de violência baseada no género que se têm verificado nos últimos tempos.
Conforme divulgámos no dia 22, foi descoberto na semana passada, o corpo em decomposição da atleta barenita de origem queniana Damaris Muthee, numa casa alugada em Iten. Acredita-se que o seu suposto namorado etíope, agora fugitivo, Eskinder Hailemariam, seja o principal suspeito.
As autoridades policiais quenianas disseram que a causa da morte foi estrangulamento geral resultante de asfixia e eventual morte. Já foi pedido ajuda à Interpol e ao Ministério das Relações Exteriores para ajudar a apanhar o fugitivo.Os atletas quenianos que foram acompanhados por outros atletas estrangeiros que estão a treinar em Iten, questionaram o Governo e a Federação Queniana de Atletismo pela lenta resposta aos problemas que os afetam, que agora se transformaram em abuso emocional e físico, levando a incidentes trágicos. No ano passado, Agnes Tirop, duas vezes medalhada de bronze nos 10.000 m, também tinha sido assassinada pelo seu companheiro.
Os atletas manifestantes, liderados por Mary Keitany, tetra vencedora da Maratona de Nova York, Violah Lagat, segunda na Maratona de Nova York em 2021, e o romeno Joan Chelimo, vencedor da Maratona de Seul, entre outros, atravessaram as ruas da cidade de Iten cantando canções de solidariedade e justiça para Damaris Muthee. Eles pediram leis estritas e a criação de gabinetes de divulgação da violência baseada no género.
Keitany disse que os seminários que foram lançados pela Federação Queniana devem ser mantidos para ajudar na conscientização sobre a violência baseada no género entre os atletas.
Mas Lagat disse que a falta de leis rígidas contra os perpetradores da violência de género, tem permitido os trágicos incidentes testemunhados envolvendo as atletas.
“Algumas atletas que foram abusadas, não se reportam mais à polícia porque os agressores salvam-se e continuam novamente a atormentar as suas vítimas. Elas devem tratar estes assuntos com a seriedade que merece, porque se não acabar, provavelmente perderemos mais atletas”, disse Keitany.Recordando o assassinato de Agnes Tirop, em outubro do ano passado, Lagat disse que houve muitos pedidos de várias partes interessadas para oferecer apoio psicossocial aos atletas.
“As atletas estão a sofrer há muito tempo e ninguém está a incomodar-se. Não devemos estar acostumados à reação instintiva de que, cada vez que há uma matança, nós saímos. Devemos estar perto das atletas e estar atentos ao seu bem-estar porque elas estão sofrendo em silêncio”, disse Keitany.
“O que é que estão a fazer? Estão sentados, vendo raparigas como Agnes a serem mortas todos os dias em todas as aldeias. Agnes foi uma heroína, por isso, a sua história atraiu a atenção mundial. Mas isto acontece diariamente”, acrescentou.