Manuel Mota tem 59 anos e é atleta do Núcleo Atletismo das Taipas. Corre há 32 anos e tem na maratona, a sua distância preferida. Já correu 18 maratonas onde tem sido muito regular, com um recorde pessoal de 2h55m.
Manuel Mota tem 59 anos e é natural de Guimarães. É responsável de armazém de uma fábrica de cutelarias e representa o Núcleo Atletismo das Taipas.
Do futebol no clube da terra às corridas
O desporto fez sempre parte da sua vida. Em jovem, jogou futebol no clube da terra. Fazia 17 quilómetros para ir de bicicleta para o trabalho. Então, o atletismo não fazia parte dos seus objetivos.

Mais tarde, foi para a tropa onde fazia todo o tipo de exercícios. Regressou a casa ao fim de dois anos e começou a ganhar peso porque tinha deixado de fazer exercício físico. “Achei que não podia ser, aos 28 anos comecei a dar as minhas corridinhas no Parque das Caldas das Taipas”.
A sua estreia no mundo das corridas deu-se há 32 anos na Meia Maratona de Ovar. Achou a prova muito dura, “a preparação não era a melhor”.
“O atletismo muda-nos de alguma forma, senti isso”
Treinar às 22 horas
Nem sempre tem sido fácil a Manuel Mota conciliar o trabalho com as corridas. “No trabalho, eu era o último a sair, não tinha horas de saída. Agora o trabalho reduziu um pouco o que me permite treinar pelas 19/20 horas. Antigamente, cheguei a treinar às 9/10 horas da noite”.
Treina cinco vezes por semana, habitualmente acompanhado pelos atletas do seu clube. Ao domingo, tem o treino de conjunto com 17/18 quilómetros. E ao sábado, aproveita para dar a sua volta de bicicleta.
Não tem treinador e elabora o seu plano de treinos, de acordo com a sua experiência e a prova em que vai participar.
Atualmente, corre cerca de uma dúzia de provas por ano, 6/7 meias maratonas, três com dez quilómetros e uma maratona.
Maratona, distância preferida
Manuel Mota prefere a estrada ao corta-mato e montanha. A sua distância preferida passa pela maratona. “Costumo ir à do Porto, treino dez semanas e faço 800/900 quilómetros. Fui totalista até 2019, falhei depois por lesão”.

Manuel Mota já correu 18 maratonas, 17 delas no Porto e a outra, em Sevilha. E já vai nas 250 meias maratonas.
A Maratona do Porto é a sua prova preferida. Na primeira edição, fez 3h01m. “Foi uma novidade muito boa. Tínhamos o problema da alimentação, o que devíamos comer. Podíamos ter melhorado através da alimentação”.
Tem sido muito regular nas suas maratonas. Fez todas elas entre 2h55m (recorde pessoal) e 3h04m.
“Está-se a fazer do atletismo um negócio, há exploração do atleta”
Primeira Maratona: momento marcante
Manuel Mota elege a sua primeira maratona como o momento mais marcante da sua carreira desportiva. “Era uma coisa desconhecida na minha zona”.
Lesões
Não dispensa anualmente os exames médicos de rotina. Quanto a lesões, tem tido algumas nos gémeos, originadas por um problema de ciática.
Quanto aos cuidados com a alimentação, confessa que tem algum mas que devia ter mais. “Tenho algum, quando corro uma meia ou a maratona, tenho mais cuidado”.
Gostava de correr até aos 80 anos, valorizando a importância do desporto no avançar da idade. “O atletismo muda-nos de alguma forma, senti isso”.
Se não estivesse no atletismo, o ciclismo teria sido a sua modalidade alternativa.
“Não há investimento, o atletismo devia ser mais apoiado”
Inscrições são caras
Manuel Mota considera que as provas são bem organizadas mas que as inscrições são caras. “Está-se a fazer do atletismo um negócio, há exploração do atleta”.

Vê o futuro da modalidade com apreensão. “As condições vão melhorando mas muito devagar. Está a ser feita alguma coisa mas devagar. Não há investimento, o atletismo devia ser mais apoiado”.
Espírito de sacrifício dos atletas
No mundo do atletismo, aprecia particularmente o espírito de sacrifício dos atletas de alta competição. “Treina com más condições, à chuva, o atleta passa por muito para poder ganhar. Vejo por mim que sou do pelotão”.
Os seus projetos futuros na modalidade passam por fazer mais algumas maratonas e provas à volta da sua região.
A picarem-se nos treinos
Quanto a estórias, Manuel Mota lembra os treinos em grupo. “Éramos 15/18 no grupo. Tínhamos tempos muito idênticos mas queríamos ganhar uns aos outros. Havia muita disputa entre nós mas no final, estava tudo bem, íamos beber um copo”.
A terminar, Manuel Mota expressou o voto de aparecer mais gente boa no atletismo, “mas gente para puxar as pessoas para correr, saírem de casa e irem correr. Mas cuidado com o preço das inscrições”.