Marisa Fernandes tem 39 anos e é atleta do Team El Comandante. Começou a correr em 2017 e já completou oito maratonas. Teve a sorte de ter sido contemplada no sorteio e vai correr a Maratona para Todos” de Paris que vai decorrer na noite do dia 10, no mesmo percurso dos atletas olímpicos.
Foi aos 31 anos, que ela decidiu que precisava de se iniciar na prática desportiva. Iniciou-se no Crossfit com a corrida como complemento. “Enquanto corria, era apenas eu, os meus pensamentos, a minha música, o meu momento!”
Marisa Fernandes é natural de Fafe e tem 39 anos. É técnica comercial e administrativa numa empresa de Merchanding desportivo e sócia-gerente de um espaço de Coworking.
Do crossfit ao atletismo
Mas percebeu rapidamente que era a corrida de que ela gostava mais, a modalidade que “me dava equilíbrio e me completava! O Crossfit passou a ser um complemento!”
O atletismo apareceu assim na sua vida em 2017. Marisa integrou-se depois num grupo e começou a entrar em provas e a ter vontade de evoluir cada vez mais. Começou pelos dez quilómetros, foi subindo na distância até chegar à maratona, um ano depois.
Marisa é atleta do Team El Comandante, clube fundado pelo conhecido Ricardo Ribas. Treina quatro a cinco vezes por semana, com 2/3 treinos acompanhada pelos seus colegas do clube e treinador, especialmente os treinos progressivos, séries e longos. Já os treinos de recuperação, fá-los sozinha.
Ricardo Ribas é o seu treinador e desde 2021, treina através do programa Trainingtheonlinedistance que oferece um programa de treinos feito à medida dos seus objetivos e ajustado às suas necessidades.
“Apercebemo-nos que a corrida é importante quando a nossa vida e rotinas passam a ser geridas em função dos treinos e das provas”
Rotinas diárias fixas
Marisa tem rotinas diárias fixas, só assim consegue gerir da melhor forma, a vida profissional, familiar, desportiva e social. “Tudo que foge à regra, será um esforço extra. Normalmente os treinos são encaixados antes ou após o trabalho, dependendo do tipo ou tempo do treino e dos afazeres pós trabalho. Apercebemo-nos que a corrida é importante quando a nossa vida e rotinas passam a ser geridas em função dos treinos e das provas”.
Dos 12 km de Famalicão-Joane à Maratona do Porto
Estreou-se no mundo das corridas em 2017, nos 12 km de Famalicão-Joane. “Cheguei à meta cheia de dores musculares, mas muito feliz com a superação, o apoio de quem assiste, dos outros corredores e a emoção de quem cruza a linha de chegada é fenomenal”.
Correu logo a seguir, a Family Race prova de 15 km integrada na Maratona do Porto. E foi aqui, que decidiu experimentar os míticos 42.195 metros. “Por ter assistido com emoção à chegada dos maratonistas, decidi que no ano seguinte, também iria correr aquela maratona também. E assim foi, em 2018 corri a minha primeira maratona. Preparei e corri a distância com mais quatro amigos. Durante dois meses, assumimos o compromisso de nos prepararmos para a prova, sem planos de treino ou treinador, apenas muita vontade de ser maratonistas! Foi um momento de união e inter-ajuda inexplicável, traçámos a meta de mãos dadas e muito felizes com a superação. A partir daí, foi a minha rampa de lançamento para o grande mundo das corridas no geral e das maratonas em particular.”
Meia Maratona Manuela Machado, a prova preferida
Marisa corre em média, uma a duas provas por mês e elege a Meia Maratona Manuela Machado em Viana do Castelo como a sua prova preferida. “Foi a minha primeira meia maratona em 2018, desde então vou a esta prova. Todos os anos gosto de ir lá, com o objetivo de melhorar o tempo do ano anterior! Pôr-me à prova!”
Oito maratonas no curriculum desportivo
A maratona é a sua distância preferida. “Pela prova em si, mas especialmente pela jornada. O tempo de preparação, a disciplina, o foco, os treinos, os colegas com quem treinas, as lembranças que guardas desses momentos, é fantástico”.
Já correu oito Maratonas. A estreia foi no Porto em 2018, seguiram-se Valência em 2019, Paris em 2021, Barcelona e Nice-Cannes em 2022, Aveiro, Lisboa e Valência em 2023.
“A primeira foi com os meus quatro amigos, demorámos 3h57m, um sub-4 horas numa estreia, sem grandes treinos e zero acompanhamento! Foi um resultado promissor que me fez acreditar que conseguia fazer melhor, muito melhor. E obviamente, foi o mote para a maratona seguinte, Valência 2019. Com tempo de preparação e com a ajuda preciosa do meu amigo Rui Geraldes, que já anda nisto das maratonas há anos, elaborámos um plano de treino que segui à risca e fui a Valência fazer 3h30! Depois daí, percebi que queria dedicar-me ainda mais à corrida e, pós-pandemia, procurei um treinador para me orientar e ajudar a correr de forma certa, para evitar lesões e conseguir evoluir”.
“Quanto menor é a distância, mais difícil é desfrutar da prova! “
Não às distâncias curtas
Marisa não tem nenhuma prova em particular que não tenha gostado. Mas habituada às maratonas e meias-maratonas, não se sente à vontade em distâncias curtas que implicam muita velocidade do início ao fim! “Quanto menor é a distância, mais difícil é desfrutar da prova! Lembro-me de ter participado numa prova de 800 metros na pista, nunca tinha corrido essa distância, foi qualquer coisa fora da caixa! Cheguei ao fim de rastos, pior do que correr uma maratona, demorei mais de uma hora a recompor-me!”
Primeiro a estrada, depois a pista
E estrada, corta-mato ou pista, para onde vai a preferência? Já experimentou um pouco de tudo. “Pista gosto, embora não tenha treinos específicos e não estar habituada a provas de pista, é um ambiente excecional, atletismo puro. Corta-mato não é de todo a minha praia, o piso, as descidas, as subidas deixam-me muito desconfortável! Gosto de correr em estrada, é onde me sinto mais confortável”.
Já quanto ao trail, Marisa ainda não é grande fã. “Não me sinto à vontade, vou a correr em stress, com medo de colocar mal os pés, de cair, magoar-me. Não consigo desfrutar da paisagem e aproveitar o momento! Vou tentar experimentar novamente na próxima época, dar uma oportunidade!”
“Temos de ter sempre noção de onde começámos e ficar felizes pela evolução que tivemos ou temos”
Maratona de Valência, momento mais marcante
Escolhe a Maratona de Valência de 2019 como o momento mais marcante da sua carreira desportiva. “Corri a distância sozinha e foi um momento de superação espetacular, fui muito feliz durante o percurso e no pós-maratona. Marcou-me enquanto pessoa e atleta”.
Lembra ainda outros dois momentos marcantes: o terceiro lugar geral feminino na Corrida da Marginal de Esposende e a vitória na prova do Carnaval em Lousada, mascarada de Cinderela. “Foi um sonho! Alguma vez imaginaria eu ganhar pódios, quanto mais ficar nas três primeiras, ao lado de grandes atletas de renome! “
“Enquanto tiver pernas, saúde, vontade e prazer em correr, vou correr”
Correr até poder
Como atleta amadora que é, Marisa encara o atletismo como um hobby, não sendo exigente a nível de resultados. “Temos de ter sempre noção de onde começámos e ficar felizes pela evolução que tivemos ou temos. Não entrar em stress ou ficar desiludidos por não conseguir mais e melhor. Já fazemos tanto, todos os dias! Digo isto porque tenho momentos, especialmente nas preparações das maratonas, que me envolvo tanto, atinjo um cansaço extremo, que treinar deixa de ser um prazer e passa a ser uma obrigação, uma pressão enorme. Nesses momentos, preciso de ter capacidade de voltar à realidade e perceber o porquê de ter começado a correr. Pelo prazer! Por isso, enquanto tiver pernas, saúde, vontade e prazer em correr, vou correr.”
E se não estivesse no atletismo? Marisa estaria no Crossfit, a sua primeira modalidade praticada. “Acho um desporto bastante completo e muito desafiador.”
“O que mais aprecio são, sem dúvida, as pessoas. Nas corridas, não há profissões, títulos, idades, somos todos iguais, … falamos todos a mesma linguagem!”
Todos falam a mesma linguagem
Para Marisa, o mundo das corridas é um mundo infinito, desde as roupas, ténis e acessórios aos dorsais e provas. “Mas o que mais aprecio são, sem dúvida, as pessoas. Nas corridas, não há profissões, títulos, idades, somos todos iguais, todos com as mesma paixão e conversas de ritmos, provas, superações, tristezas, dores, fisioterapia, massagens, suplementos, hidratação, alimentação etc. Falamos todos a mesma linguagem! Existe conexão instantaneamente, mesmo sem conhecer a pessoa com quem se está a falar! Estar aqui no norte, no sul do país ou no estrangeiro entre corredores, haverá sempre conversa e empatia. Isso fascina-me!”
Saber prevenir as lesões
Como é óbvio, não dispensa os exames médicos de rotina. Faz análises clínicas, provas de esforço e electrocardiogramas que “ajudam a que possas praticar exercício de forma mais segura e te sintas mais confiante e confortável com o que estas a fazer”.
Quanto a lesões, só foi visitada uma vez por uma que a obrigou a parar um a dois meses, quando ainda não tinha o acompanhamento necessário. “Entretanto, de forma a prevenir lesões, para além do plano de treino adequado com treinos específicos e de recuperação, faço ainda reforço muscular, massagens desportivas e fisioterapia assim que alguma dor apareça”.
“Diria que a alimentação é a chave para a performance. É através da alimentação que vamos buscar o combustível para dar energia ao nosso corpo”
Todos os cuidados com a alimentação
Marisa tem todos os cuidados com a alimentação. “Diria que a alimentação é a chave para a performance. É através da alimentação que vamos buscar o combustível para dar energia ao nosso corpo”.
É acompanhada por um nutricionista, que a orienta a nível da alimentação e suplementação. “Tenho muito cuidado com a ingestão de proteínas, carbohidratos, legumes, frutas e com a hidratação também. Obviamente, temos de ter um equilíbrio e de vez em quando, fugir à regra e comer comida de conforto e beber um vinho ou cerveja! Faz parte!”
”Vai ser um sonho poder percorrer o mesmo percurso dos atletas olímpicos e sentir um pouco do ambiente olímpico”
Na Maratona olímpica de Paris
Marisa foi uma das felizardas a ser contemplada com uma vaga na “Maratona para Todos” dos JO de Paris. Muitos sonharam com isso, vamos ter atletas amadores a fazer o mesmo percurso da maratona olímpica. Disputada na noite de 10 de agosto, véspera da maratona feminina, última prova do programa olímpico do atletismo, Marisa está naturalmente muito feliz.
”Vai ser um sonho poder percorrer o mesmo percurso dos atletas olímpicos e sentir um pouco do ambiente olímpico. Será a minha nona maratona e aquela que quero mesmo desfrutar, sem pensar demasiado em ritmos ou marcas finais. Apenas realizar que estou ali a viver o sonho de muitos que não tiveram a mesma sorte que eu!”
O percurso é um circuito de ida e volta até ao Palácio de Versalhes, terminando em frente à Esplanade des Invalides, quatro quilómetros a sudoeste da linha de partida da Câmara de Paris. Este percurso é uma homenagem à Marcha das Mulheres em Versalhes, um dos primeiros e mais significativos eventos da Revolução Francesa.