Naturalizado belga, Bashir Abdi fugiu do país natal aos 13 anos
Bashir Abdi tem uma história de superação relacionada com o desporto. Refugiado da Somália devido à guerra entre o país natal e a Etiópia, conseguiu encontrar a paz aos 13 anos, em 2002. Em Gent, na Bélgica, ele descobriu o significado da palavra segurança e conheceu também o que chama de uma “forma de sobreviver”. Através da corrida, o menino vulnerável tornou-se um atleta que foi olímpico em 2016, no Rio de Janeiro.
Bashir Abdi é conhecido pelo seu talento nas corridas de longa distância. Neste ano, por exemplo, ganhou a medalha de prata nos 10.000 metros no Europeu de Berlim. Talvez Abdi nem perceba a relação tão forte entre os extensos caminhos que percorre nas pistas e a maratona da sua vida pessoal. Curioso é que Bashir ainda se vê sem rumo quando o assunto é sentir-se em casa. Segundo ele, sente-se de certa forma órfão, nem de um lugar, nem de outro.
– “Quando eu falo somali, depende de onde estou… Se estou na Europa, tudo bem. Se eu volto para a África, as pessoas podem ver pelo meu modo de falar, que não moro lá. É como se eu fosse estrangeiro. Não tenho problemas com o flamengo, mas pela forma como as pessoas me tratam, ‘você não é daqui’, incomoda-me. E quando eu volto, é a mesma coisa. Não me sinto em casa nem aqui, nem lá. É como ‘onde é a minha casa?” – desabafou Bashir.
Apesar do desconforto na hora de refletir sobre a sua origem, o homem que saiu da Somália ainda menino, resume o sentimento em relação à Bélgica com “gratidão” e “oportunidade”. Além de representar o país que o acolheu nos maiores eventos de atletismo pelo mundo, Bashir é também defensor da imigração por onde passa.
– “Agora, se analisar o que se diz na imprensa, eles passam uma imagem de que a imigração é má, mas não é verdade. Imigração é ótimo. Está-se dando oportunidades às pessoas que não têm oportunidade. Imagine alguém que não tenha a oportunidade, que esta oportunidade está nas mãos de outra pessoa. Uma das minhas metas na carreira desportiva é trabalhar para ganhar uma medalha para o meu país, para o meu novo país, como agradecimento por me terem dado uma nova vida e uma oportunidade”.