O francês Mahiedine Mekhissi, triplo medalhado olímpico nos 3.000 m obstáculos, apelou a uma alteração rápida nos regulamentos internacionais após os recordes mundiais dos 10.000 m pelo ugandês Joshua Cheptegei e dos 5.000 m pela etíope Letsenbet Gidey na passada quarta-feira em Valência.
Em entrevista dada ao jornal L’Equipe, Mekhissi afirmou: “Isto vai servir de eletrochoque. É preciso que as pessoas tomem consciência que isto não é normal”.
Na sua opinião, é necessário agir quando os recordes mundiais caem, graças às novas tecnologias. “Como fez a natação, eliminando as combinações há uma dezena de anos. Havia recordes a cada corrida. Sei que é preciso viver-se com o seu tempo, evoluir com o progresso tecnológico mas aquilo, não é desporto. Não me reconheço naquele atletismo”.
Para Mekhissi, os tempos de Cheptegei e de Gidey não querem dizer nada. “São cronos da nova geração, como se o atletismo tivesse começado há dois ou três anos, com as lâminas de carbono nos sapatos. É flagrante. Não vibrei na quarta-feira perante estes recordes do mundo… Cheptegei, o seu recorde pessoal nos 10.000 m era de 26m48s, ele não conseguia nem alcançar os tornozelos de um Bekele. Com a tecnologia de hoje, Bekele teria feito 25m30s!”
Mekhissi não critica a orientação luminosa na pista enquanto decorriam as provas. “Isso, é uma coisa boa, como a passagem da pista de cinza ao tartan. A sua critica vai para o tipo de sapatos Nike agora usados. “ Alguns dizem que podes ganhar três segundos por quilómetro em 10.000 m! O nosso desporto está em perigo. Que fazem as federações?”
Para o atleta francês, as recentes medidas tomadas pela World Athletics relativamente aos novos sapatos, são “uma farsa”! Para ele, essas medidas não passam de uma adaptação aos sapatos já experimentados pela Nike.
Mekhissi é patrocinado pela Adidas e recusa pensar de outra forma se fosse da Nike. “Eu teria dito a mesma coisa…Censuro os outros atletas que não dizem nada. Eles pensam progredir? Mas eles mentem-se a si mesmos! Toda a gente sabe o que esses sapatos trazem. Não há mais justiça. É preciso dizer a verdade!”