Renato Canova mudou-se há 20 anos para o Quénia e os seus atletas já acumularam mais de 40 medalhas em grandes competições. O seu método revolucionário é muito respeitado e o seu último grande êxito chegou pela mão do norueguês Sondre Moem, recordista europeu da maratona.
A reputação dos fundistas africanos está fora de causa. Bikila, Bekele, Gebrselassie, Kiplagat, Dibaba, entre muitos outros, foram todos fruto de um modo de vida baseado no sacrifício, no esforço, nas limitações.
Uma condição física inata, ter que caminhar enormes distâncias desde muito pequenos e evidentemente, alguém que seja capaz de moldá-los. Um dos homens capaz disso é o italiano Renato Canova. Há mais de 20 anos que ele aterrou em Valle del Rift, no Quénia, e desde então, tem-se destacado como um dos grandes descobridores de talentos.
Entre os seus discípulos mais conhecidos, encontram-se Wilson Kipsang, Mary Keitany, Florence Kiplagat, Silas Kiplagat, Moses Mosop e Abel Kirui. Os seus atletas somam mais de 40 medalhas em grandes competições e o último grande êxito não veio de um atleta africano. Veio do norueguês Sondre Moem que aos 26 anos, bateu o recorde europeu da maratona com 2h05m48s, em Fukuoka.
Moem treina-se desde há um ano no Quénia e a sua ascensão tem sido meteórica desde que passou a ser treinado por Canova. A sua marca na prova japonesa é ainda, a mais rápida obtida por um maratonista não nascido em África, numa maratona homologada.
Revolução total na preparação de provas de longa distância
A nível técnico, os métodos de Canova dariam para preencher uma enciclopédia. O italiano assegura que na hora de treinar, o ritmo é muito mais importante do que a distância. É por isso que ele recomenda aos fundistas começarem a sua preparação correndo provas de dez quilómetros. A ideia é ir baixando progressivamente o ritmo e aumentar a distância depois de um forte início de força e velocidade, até acabar emular de forma objetiva a prova para a qual se está preparando.
Para Canova, é muito mais eficiente correr uma hora a 4.30/km do que duas horas a 5.30/km, ao referir-se aos ritmos próximos dos atletas populares.