Num dia marcado por sensacionais resultados em várias provas, Portugal terminou a presença no Mundial de Doha com um honroso 8º lugar de Patrícia Mamona, que conseguiu o objetivo que parecia ao seu alcance: entrar no lote das finalistas (8 primeiras). Começou bem o concurso do triplo, com 14,40, a sua melhor marca da época de ar livre, embora aquém dos 14,44 e 14,43 conseguidos em pista coberta. Foi a sua 8ª marca de sempre. Esses 14,40 deram-lhe o 7º lugar ao fim dos três ensaios iniciais e garantiram-lhe a presença nos três saltos finais. Depois dos 14,40 iniciais (v:-0,1), saltou 14,34 e 14,30 a seguir. Mas, depois, fez 14,17 e dois nulos e foi ultrapassada pela colombiana Caterine Ibarguen, que chegaria ao pódio. A grande vencedora foi a venezuelana Yulimar Rojas, que chegou a 15,37 (a 4 cm do seu melhor) e 15,18, renovando o título mundial (foi vice-campeã olímpica) e mostrando que pode atacar o recorde mundial de Inessa Kravets (15,50 no Mundial de 1995). Surpreendente o 2º lugar da jamaicana Shanieka Ricketts, já bem perto dos 15 metros (14,92).
Sensacionais as restantes finais do dia, em especial as de 1500 metros, com nove atletas abaixo dos quatro minutos, e do peso, com os três atletas do pódio separados por um só centímetro e à beira dos 23 metros (22,91 e 22,90)!
A final do peso foi épica. O neozelandês Tomas Walsh, campeão mundial em 2017, abriu com 22,90, novo recorde da Oceânia (tinha 22,67 como melhor). O norte-americano Ryan Crouser, campeão olímpico, que abriu com 22,36 e repetiu a marca no 3º ensaio, melhorou para 22,71 no 4º ensaio, a três centímetros do seu recorde pessoal. A sensação surgiu no derradeiro ensaio. Joe Kovacs, campeão mundial em 2015 e vice-campeão olímpico em 2016 (e que estava com 21,95, em 4º lugar), lançou 22,91, progredindo 34 cm! E na resposta, Ryan Crouser lançou… 22,90, subindo ao 2º lugar. Desde 1990, que não se lançava tanto. O recorde mundial de Randy Barnes (23,12) ficou perto e os três atletas do pódio são agora os 3º e 5º de sempre, a seguir a Ulf Timmerman (23,06 em 1988) e ao nível de Alessandro Andrei (22,91 em 1987). O brasileiro Darlan Romani, com 22,53, ficou fora do pódio…
Depois de ganhar os 10000 metros, a holandesa Sifan Hassan liderou sempre os 1500 m e acabou folgada vencedora, consumando um duplo triunfo inédito e logo com recorde da Europa (3.51,95), derrubando os 3.52,47 que a russa Tatyana Kazankina mantinha desde 1980! Subiu a sexta de sempre. Ganhou com mais de dois segundos de vantagem sobre Faith Kipyegon, que bateu o recorde do Quénia, com 3.54,22. A etíope Gudaf Tsegay fechou o pódio, com 3.54,38, e a norte-americana Shelby Houlihan, embora fora do pódio (4ª), bateu o recorde das Américas, com 3.54,99.
Também a nova campeã de 5000 m, a queniana Hellen Obiri, liderou sempre a sua prova para ganhar com um novo recorde dos campeonatos (14.26,72), renovando o título de há dois anos. A segunda foi outra queniana, Margaret Kipkemboi (14.27,49) e a surpresa foi a alemã Konztanze Klosterhalfen, 3ª classificada com 14.28,43.
Maratona à parte (à meia-noite local), a jornada terminou com as duas estafetas de 4×100 m. A feminina foi ganha pela Jamaica, com 41,44, a oitava marca mundial de sempre, bem à frente da Grã-Bretanha (41,85) e dos Estados Unidos (42,10). A masculina foi excelente, com vitória dos Estados Unidos em 37,10, marca que é a terceira de sempre, a seguir aos 36,84 e 37,04 da Jamaica (com Usain Bolt…) nos Jogos de 2012 e no Mundial de 2011. A Grã-Bretanha, 2ª classificada com 37,36, bateu o recorde da Europa (antes: Grã-Bretanha, 37,47 em 2017) e o Japão, 3º com 37,43, bateu o recorde da Ásia (antes: Japão, 37,60 em 2016). O Brasil, 4º classificado com 37,72, bateu o recorde da América do Sul, que já lhe pertencia e durava desde os Jogos de Sydney’2000, com 37,90.
Em suma: uma jornada memorável!
Nas qualificações de hoje, notas de sensação para a eliminação da norte-americana Britney Reese, campeã mundial em 2009, 2011, 2013 e 2017 e campeã olímpica em 2012 (2ª em 2016), que já saltou 7,00 este ano e agora limitou-se a 6,52, sendo 13ª na qualificação do comprimento, sendo afastada por um centímetro; e igualmente para a ausência da final do dardo de dois dos mais reputados alemães, Andreas Hoffmann (92,06 em 2018, 89,65 já esta época), que foi 20º com 80,06, e Thomas Rohler (93,90 em 2017, 86,99 este ano), 23º com 79,23. Valeu outro alemão, Johannes Vetter, forte candidato a renovar o título de 2017, que lançou 89,35. Foi alemã, igualmente, a melhor no comprimento: Malaika Mihambo, que saltou 6,98.
Este domingo, no último dia do Mundial, realizar-se-ão sete finais: 17.15 h – comprimento (F); 17.40 h – 1500 m (M); 17.55 h – dardo (M); 18.00 h – 10000 m (M); 18.50 h – 100 m barreiras (F); 19.15 h – 4×400 m (F); 19.30 h – 4×400 m (M).