Mutaz Barshim é o atual rei do salto em altura e uma das grandes apostas da IAAF para ocupar o lugar de estrela da modalidade após a retirada de Usain Bolt. Na passada 6ª feira em Doha, o qatari de 26 anos confirmou o favoritismo e venceu em casa a primeira etapa da Diamond League com 2,40 m, fazendo aumentar as expectativas de que será ele o saltador a bater o recorde mundial de 2,45 m que já dura há 25 anos e pertence ao cubano Javier Sotomayor.
Barshim que já saltou 2,43 m, almeja superar a marca do cubano. “Claro que é um objetivo, é o que eu miro. Acordo, treino duro e penso no recorde todos os dias. É o único caminho a seguir. As dúvidas são: onde e quando isso vai acontecer?”, afirmou ao site Inside The Games.
O maior herói olímpico do Qatar
O saltador tornou-se o maior herói olímpico da história do Qatar ao conquistar a medalha de prata nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Até aí, o país tinha conquistado quatro medalhas em Jogos Olímpicos, todas de bronze, uma delas de Barshim, obtida em Londres 2012.
Em 2017, ele venceu as 11 competições que disputou, incluindo o Campeonato Mundial em Londres e o título da Diamond League, principal circuito mundial do atletismo – com nove dos 11 melhores saltos do ano. Ele tornou-se o primeiro atleta a superar a barreira dos 2,40 m em cinco épocas seguidas. Pelo desempenho, deixou para trás ídolos como Usain Bolt e Mo Farah e conquistou o título de Melhor Atleta de 2017 da IAAF.
“Conquistei muito na minha carreira, mas sinto que só me sentirei satisfeito quando bater o recorde mundial. Sinto-me seguro e ganhando mais e mais experiência, venho-me tornando forte a cada dia. Então acho que bater este recorde é só uma questão de tempo”, disse ao site da IAAF.
Aposta como profissional há oito anos
Barshim decidiu que investiria na carreira de atleta profissional há oito anos, no Mundial sub-20 disputado em Moncton, no Canadá. Com 2,30 m, ele conquistou a medalha de ouro e considera que este foi um dos seus melhores momentos no atletismo.
“No início daquele ano, a minha melhor marca pessoal era de 2,14 m. Disse ao meu técnico, Stanislaw Szczybra, que era capaz de saltar 2,30 m. Ele olhou-me com uma cara de maluco, mas trabalhámos tanto a minha técnica que comecei rapidamente a evoluir. Durante a época, eu melhorei as minhas marcas em cada competição. Cheguei a 2,31 m no Campeonato Asiático Júnior. Cheguei ao Mundial sub-20 como o líder do ranking mundial e sabia que podia vencer. Aquele campeonato era quase como um sonho. Saltei 2,24 m. O meu técnico aproximou-se e disse-me “já ganhaste, então vai lá e diverte-te.” Passei com 2,27 m e ganhei com 2,30 m. Lembro-me do momento em que corri para as bancadas e peguei na bandeira, foi um grande momento”.
Por outro lado, o pior momento vivido pelo qatari durante uma competição foi precisamente entre a eliminatória e a final daquele mesmo Mundial no Canadá.
“O meu pai é um ex-atleta e falamos sempre durante as competições. Naquele Mundial, não consegui falar com ele depois de atingir a final. Descobri o motivo depois, através do meu irmão. Ele contou que o meu avô Muhammad tinha morrido de repente. Eu não choro com frequência, mas chorei naquele momento e sabia que precisava de me recompor para a final. Estava determinado a voltar para lá e terminar o trabalho para o dedicar ao meu pai e ao meu avô. No pódio, com a medalha de ouro, tive a certeza de que os dois estavam muito orgulhosos de mim.
Barshim volta a competir em 26 de Maio, na etapa de Eugene da Diamond League, nos Estados Unidos.