O mundo está cheio de histórias que provam que correr faz bem à saúde. O norte-americano Donald Cantrell, de 84 anos, é um bom exemplo apesar de ter vivido a maior parte da sua vida com um pulmão e ainda assim, conseguiu correr mais de cem provas, incluindo cinco maratonas.
A sua dramática história começou quando ele tinha apenas dois anos e contraiu uma pneumonia, que o levou a ser hospitalizado e a passar uma semana em coma. Embora tenha conseguido superar o problema, a sua saúde ficou muito debilitada e durante toda a infância, sofreu fortes gripes e crises de tosse.
Aos 17 anos, um médico examinou-o e descobriu que o seu pulmão esquerdo havia sido destruído por um abscesso e que a melhor opção era retirá-lo.
Corria o ano de 1957 e naquela época, ainda não existiam transplantes de pulmão. A primeira operação deste tipo foi realizada seis anos depois, em 1963.
“O transplante nunca passou pela minha cabeça. Na verdade, eu não me considerava deficiente”, disse Cantrell. “Quando essa possibilidade se tornou conhecida, eu estava saudável e forte, e já havia corrido muitas provas de estrada, incluindo quatro maratonas”, acrescentou.
Após a operação, Cantrell praticou diversas modalidades como basquetebol, softball e golfe, até descobrir a sua modalidade preferida, a corrida.
No início, ele não conseguia dar nem uma volta no quarteirão, mas com o tempo e o treino, a sua condição física melhorou.
“A minha saúde geral melhorou drasticamente quando comecei a correr e fiquei cada vez mais ativo”, diz ele. “A minha competição desportiva só me trouxe benefícios… Com certeza que fortaleceu o meu pulmão”, afirmou. Em 1984 correu a Maratona de Columbus, que completou em 3h37m02s.
“Só a minha família e amigos mais próximos sabiam da retirada do meu pulmão. Em provas competitivas, eu nunca contei a ninguém. Ainda hoje, a maioria dos meus conhecidos não sabe”, comentou.
Ele continuou a correr até aos 70 anos, quando uma doença nervosa o forçou a parar. A sua última prova teve a distância de 10 km, em Venice, Flórida. Hoje, aos 84 anos, ele caminha todos os dias mais de três quilómetros e detém o recorde do Guinness de uma pessoa que sobreviveu mais tempo com apenas um pulmão (67 anos).
“O meu pneumologista disse que o meu pulmão direito havia-se expandido, então a minha capacidade pulmonar é igual a 3/4 da de um homem com dois pulmões bons”, terminou Cantrell, que hoje vive uma vida tranquila com a esposa no seu país.