Shan Riggs correu quase 5.000 km e conseguiu angariar mais de 45 mil dólares.
O que se passou com Shan Riggs, passou-se com milhares e milhares de pessoas em 2020. Com o início da pandemia, ele perdeu o emprego que tinha como consultor de patrocínio para corridas e eventos, deixando-o sem trabalho durante o ano, pois as corridas foram adiadas ou canceladas.
Durante meses, Riggs ficou com muito tempo livre enquanto esperava pelo desenrolar da pandemia. Ele esperava regressar ao trabalho mas em Agosto, percebeu que ia continuar desempregado até ao final do ano.
Não sendo uma situação fácil de aceitar, Riggs decidiu que aquele era o momento ideal para realizar o seu sonho de correr pelo país. Além disso, ele poderia utilizar o percurso de 3.200 milhas (quase 5.000 km) para angariar dinheiro para a Foodshare, situada em Connecticut.
“Eu já tinha feito antes, corridas desde Chicago até Indianápolis, mas nunca corrido vários dias que se prolongassem por meses”, disse Riggs. “Agora, que de repente fiquei sem trabalho, percebi que poderia fazer algo mais e trabalhei com a Foodshare durante a maratona de Hartford. Quando via um campo de futebol com filas e filas de carros, com toneladas de pessoas que nunca precisaram antes de ajuda, sabia que queria ter o máximo de visibilidade possível.”
Riggs montou o seu plano em cerca de três semanas. Ele separou-se da maioria dos seus pertences, procurando limitar as despesas e viver apenas na carrinha que tinha com a sua companheira, Callie Vinson.
Feito isso, Riggs dirigiu-se a São Francisco. No dia 1de Setembro, ele iniciou a sua longa aventura pelo país. Como ele não queria bater algum recorde, ele estabeleceu um ritmo para completar a distância diária prevista. “Eu conversei com algumas pessoas antes, como Pete Kostelnick e Jason Romrero (que já havia atravessado o país) e eles avisaram-me para não começar muito rápido”, disse Riggs. “Tu não podes vencer no primeiro dia, mas podes perder no primeiro, então começámos com um pouco mais de 30 milhas (48 km) no primeiro dia e continuámos assim, correndo entre 30 a 40 por dia.”
Em plena pandemia, Riggs tomou as devidas precauções enquanto corria pelo país, atravessando pequenas vilas e cidades, descidas e subidas dolorosamente longas, com climas particularmente duros. Ele foi acampando na beira da estrada e em parques de campismo, tendo a companhia de Callie Vinson.
A rotina diária de alimentação de Riggs consistia em um GU stroopwafel matinal antes de começar a corrida do dia, um pequeno-almoço mais reforçado; 16 km depois, uma sandes simples ao almoço e uma terceira paragem para lanchar. O jantar incluía alimentos como bife com vegetais ou uma tigela de arroz tailandês, preparada na hora.
“Eu esperava que mais desastres acontecessem, mas o pior que aconteceu foi eu ter apanhado uma intoxicação alimentar em Indiana, que me deixou mal por um dia antes de eu voltar a correr 30 milhas (48 km) um dia depois”, disse Riggs.
Algumas paragens eram familiares para Riggs, como em Chicago, onde tinha residido, e Indiana, onde cresceu. Também parou em cidades que talvez nunca tenha visitado.
Meses depois de estar na estrada a correr, ele aproximou-se da linha de chegada onde Connecticut tocava o Oceano Atlântico. Após alguns dias a correr muitos quilómetros, ele teve a ajuda de amigos e estranhos que vieram apoiá-lo e correr com ele os últimos quilómetros.
Finalmente, chegou o dia derradeiro, em 1 de Dezembro. Seria o dia com mais quilómetros a correr, nada menos do que 47 milhas (75,6 km) para alcançar os arcos do balão que um seu colega de trabalho da Hartford Marathon Foundation tinha lá posto para ele.
Sabendo que não teria de correr no dia seguinte pela primeira vez em três meses, ele deu tudo o que tinha. Teve de correr bem rápido porque a praia onde ele terminava a aventura, fechou mais cedo devido à pandemia.
“Estava tanto frio. Felizmente que eu tinha toalhas e cobertores à espera na carrinha. Lavámo-nos rapidamente e comemos um bolo que foi feito para nós e então partimos para o hotel antes de fazer a longa viagem para Chicago no dia seguinte.”
Riggs não se limitou a completar 3.154 milhas (5.075 km). Ele conseguiu angariar mais de 45 mil dólares para a Foodshare, não incluindo todos os donativos feitos por empresas que apoiaram a causa.
Algumas semanas depois, Riggs está na fase de recuperação em Chicago, enquanto procura trabalho.