Há muito tempo que as investigações apoiam o papel de exercícios vigorosos na saúde (como a corrida), prevenção de doenças e qualidade de vida. Mas, um novo estudo vai muito além, mostrando que mesmo pessoas com cancro do cólon avançado, podem prolongar significativamente as suas vidas com um programa de exercícios estruturado.
O The New England Journal of Medicine publicou os resultados de um estudo, chamado Desafio CO.21. O estudo, iniciado há quase duas décadas, em 2009, incluiu 889 pacientes com cancro do cólon em estágio 3 ou estágio 2 de alto risco, submetidos a cirurgia e quimioterapia.
Percentagens de sobrevivência significativamente maiores com a prática do exercício físico
Os pacientes foram aleatoriamente divididos em dois grupos: aqueles que receberam (e seguiram) um programa de exercícios, estruturado sob a orientação de um personal trainer por um período de três anos e aqueles que receberam materiais educativos sobre exercícios e nutrição. Aqueles que se exercitaram, apresentaram uma sobrevida global e uma percentagem de sobrevida livre de doença, significativamente maiores do que aqueles que apenas receberam informações, alcançando um risco 37% menor de morte e um risco 28% menor de recorrência do cancro ou de desenvolvimento de outros tipos de cancro, resultados surpreendentemente bons.
Em termos mais humanos: para cada 16 pacientes inscritos no programa de exercício físico, uma pessoa foi impedida de desenvolver uma recorrência do cancro ou um novo cancro, e para cada 14 pacientes inscritos, a vida de uma pessoa foi salva.
Para Booth, um dos responsáveis do estudo, os resultados foram particularmente gratificantes, visto que ele é um ex-corredor universitário competitivo de corta-mato e atletismo (e ainda corre todos os dias, entre 8 a 10 km). Ele e os seus colegas redigiram o protocolo do estudo em 2007, quando ele era um jovem oncologista e um corredor profissional. Eles estavam interessados em alguns dados observacionais publicados alguns anos antes, mostrando uma percentagem reduzida de recaídas em pacientes com cancro que praticavam regularmente, exercício físico.
“Como sabemos, no entanto, as pessoas que se exercitam, podem ser diferentes de várias maneiras das pessoas que não se exercitam”, explicou Booth, “então queríamos saber se era o exercício em si que estava a trazer os benefícios, ou se havia outros fatores que diferenciavam quem se exercitava de quem não se exercitava” E eles lançaram o primeiro estudo aleatório do mundo para encontrar respostas.
O Globe and Mail citou Booth dizendo que os resultados demonstram que o exercício físico pode agora ser considerado um tratamento significativo com potencial para prolongar a vida, em vez de simplesmente, uma intervenção para melhorar a qualidade de vida, sugerindo até mesmo, que estes resultados são melhores do que aqueles associados a alguns medicamentos contra o cancro (embora ele tenha reconhecido que os participantes do estudo também beneficiaram da cirurgia e quimioterapia).
Ele acrescentou que não basta dar aos pacientes informações sobre como os exercícios podem beneficiá-los; eles devem receber uma rotina e a ajuda de um terapeuta de exercícios como parte da equipa de saúde, que estaria lá para dar suporte aos pacientes enquanto eles tomam os seus “remédios” de exercícios.
O estudo não incluiu participantes que já praticavam regularmente exercício; todos eram sedentários ou praticavam exercício físico mínimo antes de participar no estudo. Eles podiam escolher qualquer tipo de exercício aeróbico, e a maioria optou por caminhada rápida (45 a 60 minutos, três a quatro vezes por semana). Aqueles que preferiam alguma outra forma de exercício, como ciclismo, elaboraram um regime equivalente ao protocolo da caminhada.
Os resultados ecoam o que gurus populares da saúde afirmam há muito tempo: que “o exercício pode ser o ‘remédio’ mais potente que temos para prolongar a qualidade e talvez a quantidade dos nossos anos de vida”. Embora, é verdade, ele esteja a falar sobre prevenção de doenças e “extensão saudável”, em vez de situações em que a doença já está presente.
De: Anne Francis