O Núcleo de Atletismo “Os Papagaios de Cascais” existe desde 1980 e tem atualmente 44 atletas que participam em provas de estrada e corta-mato. Carlos Carvalho, um dos fundadores, é o atual presidente.
Quem corre há muitos anos, já terá reparado nas camisolas dos “Papagaios de Cascais” que vêm espalhando pelo país o seu entusiasmo e boa disposição.
O Núcleo de Atletismo “Os Papagaios de Cascais” está situado em Fontainhas de Cascais e existe formalmente desde 7 de Junho de 1990, data da escritura de constituição da Associação. Informalmente porém, existe desde 15 de Agosto de 1980. Um grupo de atletas quis participar numa estafeta do litoral saloio de Sintra. Carlos Carvalho fez a inscrição telefonicamente e ao ser confrontado por alguém da Organização pelo nome da equipa, ele lembrou-se de dizer “Papagaios”. E quando lhe perguntaram de onde eram, disse “Cascais”. E assim nasceram os “Papagaios de Cascais”.
Espírito diferente faz clube crescer rapidamente
Com um espírito desportivo diferente do reinante na época onde havia muito mais competitividade do que nos dias de hoje, Adriano Coelho, sócio nº 8, escreveu num jornal local em 1982: “Será de justiça até referir que a simpatia de que algumas vezes se têm visto rodeados os seus componentes se deve ao facto de ocuparem, teimosamente e sem nunca desistirem, mais os últimos que os primeiros lugares”.
A forma familiar e descomprometida do clube, sem exigências nos resultados, atraiu novos praticantes que rapidamente se integraram no espírito reinante dos mais antigos. Os aniversários eram comemorados na década de oitenta e noventa do século passado, com sardinhadas no recinto de festas do Linhó, gentilmente cedido para o efeito.
Não importa ser último
Não resistimos a transcrever parte do mesmo artigo de Adriano Coelho referente ao comportamento dos últimos classificados nas provas: “…na mesma corrida, cabem tanto os que ocupam os primeiros lugares como os últimos. E nestes últimos, estão talvez aqueles cujo exemplo mais importa realçar. É que, embora correndo esforçadamente diante de uma ambulância por vezes impaciente, nunca desistem. Não esperam taças nem medalhas mas nem por isso deixam de completar a sua prova. Para eles, é importante a corrida e correr. Fazem-no igualmente como pedagogia. O desporto é uma escola e o desportivismo uma virtude já muito considerada. E quando o atleta já não tem mais ‘adversários’ por se encontrar em último lugar, passa a competir consigo mesmo. É aqui que entra um dado muito importante. Ele tem de provar a si próprio que não se demite da luta, que não soçobra a qualquer dificuldade”.
“Encaramos a modalidade numa perspetiva de manutenção física e bem-estar”
Destaque para o veterano Arménio Silva
Carlos Carvalho é o presidente do clube e o coordenador do Núcleo de Atletismo, o único em atividade e que conta atualmente com 44 atletas que participam em provas de estrada e corta-mato. Tem 52 sócios que pagam anualmente uma quota no valor de 12 euros. O clube não tem ainda uma sede nem instalações desportivas. Para a realização das assembleias gerais ordinárias, o clube conta com a cedência de uma sala por parte da Câmara Municipal.
Para Carlos Carvalho, todos os resultados obtidos pelos seus atletas são positivos. “Encaramos a modalidade numa perspetiva de manutenção física e bem-estar”. Mas não deixa de destacar Arménio Silva, que com 82 anos, ainda correr meias maratonas e terminou a maratona do Porto em 2016, com quase 79 anos em 4h52m00s.
“Os últimos não esperam taças nem medalhas mas nem por isso deixam de completar a sua prova. Para eles, é importante a corrida e correr”
Objetivos para esta época
Um dos objetivos desta época passa por obter a mesma classificação por equipas do ano passado (7º lugar), no Troféu de Atletismo de Cascais-2019. Há ainda a intenção da captação/recrutamento de novos atletas.
Os “Papagaios de Cascais” têm oito maratonistas e não tem treinador. Segundo Carlos Carvalho, “o enquadramento técnico dos nossos atletas é feito pelos atletas mais experientes com algum conhecimento da modalidade e pela divulgação de artigos técnicos extraídos da Revista Atletismo até terminar a edição em papel e pelos atletas via endereços eletrónicos”.
NÚCLEO DE ATLETISMO “OS PAPAGAIOS DE CASCAIS
Concelho: Cascais
Ano fundação: 1980
Presidente: Carlos Carvalho
Atletas: 44
Técnico: 0
“Se de facto estamos vivos deve-se ao apoio recebido da Junta de Freguesia ao longo dos anos”
Apoios fundamentais da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia
O clube não tem propriamente um orçamento. Tem um fundo de maneio como adiantamento, para efetuar as inscrições nas provas que forem solicitadas pelos atletas, para posteriormente serem reembolsadas pelos mesmos ao Núcleo.
Para fazer face às despesas e sem contar com o apoio de privados, os “Papagaios de Cascais” contam com a quotização anual e os subsídios do poder autárquico. Os valores obtidos são insuficientes para fazer face ao dia a dia do Núcleo. Os atletas suportam 80% a 90% do custo das inscrições nas provas.
A Câmara Municipal atribui um subsídio em função da classificação final do clube no Troféu de Atletismo acima citado e que na época passada atingiu os 300 euros. Oferece ainda inscrições grátis para os atletas que se classificarem no seu escalão até ao 5º lugar, em provas que se realizem no concelho de Cascais.
Outro apoio da Câmara passa pela cedência de uma vez por ano, de uma viatura com motorista, para deslocações a distâncias superiores a 50 km.
O clube apresentou ainda uma candidatura a um subsídio para fazer face às despesas de aquisição de equipamentos desportivos (camisolas). A verba para o efeito já foi aprovada mas ainda não creditada na conta bancária.
Quanto aos subsídios concedidos pela Junta de Freguesia de Cascais, Carlos Carvalho reconhece a sua importância. “Se de facto estamos vivos deve-se ao apoio recebido da Junta de Freguesia ao longo dos anos, salvo erro desde 1985, ou 1986”.
Os subsídios recebidos no passado eram “bem mais generosos do que os recebidos nos últimos anos, para fazer face ao aumento exponencial do custo das inscrições em provas”. Mas mostra-se compreensivo com os cortes agora verificados. “Compreendemos e aceitamos as prioridades da Junta de Freguesia no apoio a instituições de solidariedade e inclusão social, razão pela qual, os subsídios recebidos, quando recebidos, nos últimos anos são menos generosos”.
Apoios possíveis aos atletas
No capítulo das inscrições, os subsídios recebidos são distribuídos aos atletas, da seguinte forma:
– Cada atleta tem uma conta-corrente dos reembolsos das inscrições ao Núcleo.
– Se houver um subsídio da Junta de Freguesia, esse montante é distribuído pelos sócios-atletas sob a forma de bónus de associado, após o pagamento da quotização anual. O valor a creditar na conta-corrente de cada um, vai de 10 a 24 euros.
– O prémio pela classificação obtida no Troféu de Atletismo de Cascais, é distribuído pelos atletas em função da assiduidade às provas que fazem parte do Troféu.
– Transportes – Não existem quaisquer apoios, salvo os solicitados à Câmara Municipal.
– Equipamentos – O clube adianta o pagamento integral do custo dos equipamentos para posteriormente ser reembolsado parcialmente, num valor a definir em função das disponibilidades financeiras e de eventuais apoios que venham a ser concedidos pelas entidades autárquicas.
Principais dificuldades na prática da modalidade
Carlos Carvalho refere-nos o problema dos locais de treino que não permitem a variação de pisos, aconselhável como prevenção de eventuais lesões desportivas. “Invariavelmente, o treino é efetuado em piso duro, (bermas das estradas), principalmente no período do inverno nos dias úteis da semana”. Refere ainda a dificuldade na captação de jovens para a prática da modalidade.
Quando o atleta Brito “desapareceu” numa prova de montanha
Carlos Carvalho conta-nos uma estória passada com a participação do clube numa prova de montanha, a “Sintra Montanha Verde”. A partida era na vila de Sintra e a meta estava instalada na serra de Sintra. Um dos atletas, terá sido como habitualmente, o último ou penúltimo a cortar a meta. Os restantes atletas do clube esperaram por ele e após a sua chegada, dirigiram-se para o local previamente definido pela organização da prova para a recolha dos atletas e transporte de regresso à vila. Foram então surpreendidos com a informação de que a última viatura com atletas já tinha partido. Tiveram que se pôr à boleia e foram dadas instruções para que não se afastassem muito uns dos outros, para entrarem todos na primeira viatura que os aceitasse. Passado algum tempo, apareceu uma camioneta de caixa aberta. Explicámos o motivo da boleia e de imediato o motorista disse-nos para subirmos. Uns ficaram na cabine da viatura, ao lado do motorista e os restantes, na caixa aberta”.
Já próximo da vila de Sintra, os que estavam na cabine interrogaram-se sobre o paradeiro do atleta Brito, pois não o viram a entrar para a viatura.“Deve estar na caixa aberta da viatura”, concluíram os que estavam na cabine. Chegados a Sintra, agradeceram a boleia e perguntaram aos que vinham na caixa aberta pelo Brito. “Não veio connosco, estávamos crentes que ele estava na cabine com vocês”. Ainda não havia telemóveis, resolveram esperar algum tempo pelo Brito, na expectativa de ele ter apanhado outra boleia. Em vão e assim regressaram a Cascais sem o seu companheiro Brito.
Bom dia onde posso encontrar a revista? Obrigada
Cara Diana,
Lamento informá-la mas a Revista Atletismo deixou de ter a sua publicação em papel a partir de 1 de Janeiro de 2017. Passou a sair online.
Cumprimentos,
Manuel Sequeira
Bom dia onde posso encontrar a revista? Obrigada
Olá Diana,
A Revista deixou de se publicar em papel desde 1 de Janeiro de 2017. Sai apenas online com a vantagem de ter muitos mais leitores.
Cumprimentos,
Manuel Sequeira