Foi um Campeonato de Portugal de contrastes, o que este fim-de-semana se realizou em Pombal. Houve excelente notas – desde o recorde dos campeonatos de Susana Costa num excelente concurso de triplo (cinco atletas acima de 13 metros) ao mínimo para o Europeu conseguido por Francisco Belo no peso – e houve aspetos negativos, a começar por algumas ausências (anti-regulamentos da FPA) a começar pela de Nelson Évora, que competiu em França!
Mas vamos ao
POSITIVO:
– Desde logo o recorde dos campeonatos (o único!) conseguido por Susana Costa, com 14,13 no triplo, mais oito centímetros que Patrícia Mamona há dois anos.
– Depois, o mínimo para o Europeu de Glasgow, obtido por Francisco Belo, surpreendente vencedor do peso (20,15 contra 20,02 de Tsanko Arnaudov).
– O excelente despique no comprimento, com vitória do regressado Marcos Chuva sobre Ivo Tavares (recorde pessoal), ambos com 7,86, desempatando através dos segundos ensaios.
– Os 6,46 no comprimento e 13,48 no triplo de Evelise Veiga, marcas que a colocam como 2ª e 3ª de sempre, respetivamente.
– Os recordes pessoais dos ex-juniores João Coelho (47,70 aos 400 m na sua segunda época de atletismo) e Manuel Dias (5300 pontos no heptatlo), já quarto e quinto de sempre nas suas especialidades.
– As cinco atletas acima de 13 metros no triplo.
– O 19º título de João Vieira (aos 42 anos) nos 5000 m marcha, até pelo exemplo que dá relativamente a uns Campeonatos que devem ser dignificados.
E passemos ao
NEGATIVO:
– A ausência de vários dos atletas já com mínimos para o Europeu, sendo particularmente grave (culpa federativa que o consentiu) a de Nelson Évora, que optou por competir em França (onde não foi feliz, – apenas um salto válido, a 15,22). O seu estatuto deveria fazer dele um exemplo – qual, no futuro, a autoridade federativa para impedir “desvios” semelhantes, contra aquilo que está nos critérios de seleção para o Europeu, que obrigam (e bem) à presença no Campeonato de Portugal, que deve ser dignificado?
– A presença de vários atletas estrangeiros em finais (das corridas e saltos horizontais), contra aquilo que o próprio regulamento da competição estipula.
– O conjunto de resultados masculinos: apenas em cinco das 14 provas as marcas dos vencedores (e dos terceiros) foram melhores que as do ano passado (no setor feminino houve equilíbrio: 7-7 nas vencedoras, 8-6 nas terceiras).
SUBIDAS NO TOP’10 NACIONAL DE SEMPRE
Masculinos:
4º João Coelho SLB 400 m 47,70
5º Ivo Tavares SLB comp. 7,86
5º Manuel Dias SLB heptatlo 5300
Femininos:
2ª Evelise Veiga SCP comp. 6,46
2ª Susana Costa ACFR triplo 14,13
3ª Evelise Veiga SCP triplo 13,48
5ª Lecabela Quaresma SLB triplo 13,21
TÍTULOS POR CLUBES
O Sporting dominou tanto no setor masculino (8 vitórias contra 6 do Benfica) como no feminino (10-2). No conjunto de todos os 33 campeonatos já realizados, o Benfica tem agora uma vantagem mínima no setor masculino (163 contra 162 títulos do Sporting) e o Sporting domina por completo no feminino: 182 vitórias, contra 69 do Benfica. Apesar de ter cessado a atividade há já nove anos, o FC Porto mantém-se como terceiro em ambos os sexos, com 41 e 26 títulos, respetivamente.
MANTIVERAM TÍTULOS
Apenas nove títulos (três masculinos e seis femininos) dos 28 em disputa se mantiveram na posse dos campeões de 2018: Rasul Dabo (60 m barreiras), João Vieira (marcha), Lorène Bazolo (60 m), Cátia Azevedo (800 m), Olímpia Barbosa (60 m barreiras), Evelise Veiga (comprimento), Ana Cabecinha (marcha) e Sporting (4×400 m masc. e fem.). Frederico Curvelo, campeão de 60 m, sagrara-se vencedor dos 200 m em 2018, mas esta distância não se realizou este ano.
OS CAMPEÕES JOVENS
Houve um júnior e quatro sub’23 campeões: Nuno Pereira (1500 m) foi o mais jovem; João Coelho (400 m) é sub’23 de 1º ano (n. 1999); Carina Pereira (400 m) é-o de 2º ano (n. 1998); Frederico Curvelo (60 m) e Salomé Afonso (1500 m) serão seniores na próxima época. Entre os segundos classificados houve duas juniores (Fatoumata Diallo e Sara Moreira) e três sub’23 e a fechar os pódios, uma júnior (Juliana Guerreiro… duas vezes) e nove sub’23.
A juntar algumas curiosidades (menos positivas), a marca dos 1500 masc foi a pior de sempre, e a dos 400 fem parece-me que terá sido a 2ª pior. Enfim…
Sim, é facto, mas no meio-fundo não podem ser comparadas as piores marcas realizadas em campeonatos como é feito nas restantes disciplinas, uma vez que no meio-fundo existem provas mais tácitas, outras menos táticas.
Referi-me naturalmente às marcas dos campeões.